A perspectiva baseada na resposta
Resenhado
por Rafael Matos
Faro, A; Pereira, M. E.
(2013). Estresse: Revisão narrativa da evolução conceitual, perspetivas
teóricas e metodológicas. Psicologia,
Saúde, & Doenças, 14, 81-85.
A perspetiva baseada na
resposta é um paradigma explicativo do estresse que predominou entre as décadas
de 1940 e 1970. Seguindo os parâmetros explicativos dessa linha, o estresse é
uma resposta orgânica diante de quaisquer eventos, sejam eles de ordem
biológica, psicológica ou social, que altere o estado de homeostase do
organismo. Quando isso ocorre, o organismo dispara um padrão básico de
respostas que visa reestabelecer a homeostase para manter a constância dos
sistemas corporais.
Selye, principal
representante desta perspectiva, aponta que diante de eventos que suscitem
adaptação o aparato inato do organismo é ativado, e um conjunto de reações
neurofisiológicas são desencadeadas na tentativa do restabelecimento da
homeostase. A este conjunto de reações, Selye denominou de Síndrome Geral de
Adaptação (SAG). Esta síndrome constitui-se por três fases distintas.
A primeira fase,
chamada Alarme, funciona como um sinalizador, para que diante do evento
estressor o indivíduo fuja ou lute; resistência, assim chamada à segunda fase,
refere-se à capacidade do organismo em suportar, enfrentar, a ação do estressor
por determinado tempo; a exaustão, terceira fase, surge quando a energia
despendida na fase de resistência cessa. A energia dispendida no processo da
SAG é finita e precisa de reposição, mas para isso ocorra é necessário que a
ação do evento estressor cesse ou que pelo menos diminua. Caso contrário, há
uma sobrecarga sobre os sistemas que tentam manter o organismo em homeostase,
se a sobrecarga continua, causa perdas funcionais dos órgãos, eis que surgem as
condições patológicas.
Selye identificou
quatros estruturas que sofrem as primeiras transformações deletérias provocadas
pelo estresse, a saber: o córtex supra renal, que influencia o funcionamento do
cortisol, os gânglios linfáticos e o timo, problemas nestes últimos refletem em
problemas gastrointestinais e no sistema imunológico.
Por esta razão, vez ou
outra são observadas pessoas relatarem estarem sobre um estado de estresse
quando apresentam sensações corporais desconfortáveis, como dor de estômago,
cansaço físico, por exemplo. O que em alguns casos trata-se apenas de sintomas
isolados, e não necessariamente de um real estado de estresse. No entanto,
relatos como estes servem para analisar a popularização do conceito e seu uso
inadequado.
Diante do exposto,
dentre os principais benefícios desta perspectiva podem ser elencados a
descoberta das consequências do estresse, discriminando os sistemas orgânicos
que são afetados no processo e o reconhecimento do estresse enquanto fator
responsável por inúmeras doenças físicas e psicológicas, já como aspectos
negativos, a perspetiva baseada na resposta limita seus estudos aos efeitos que
o estresse causa nos indivíduos em termos biológicos, não se atendo a fatores
psicológicos e sociais que podem influenciar no processo de estresse. Por essa
razão, a perspetiva baseada na resposta favorece investigações especialmente
por parte das ciências biológicas, em detrimento, das ciências sociais e
humanas, como a psicologia por exemplo.
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