Social determinants of health: Solid facts
Postado por Laís Santos
Wilkinson, R. & Marmot, M. (2003).Social determinants of health: Solid facts. WHO Europe,
Copenhagen.
Segundo Wilkinson e Marmot, mesmo nas
grandes potências, aqueles menos favorecidos estão mais suscetíveis a uma menor
expectativa de vida, bem como ao adoecimento. Este artigo nos leva a observar a
existência dos determinantes sociais da saúde e a dos mesmos. O diferencial
desta publicação está na relação destes determinantes com as políticas
públicas.
O modo de se pensar políticas públicas
de saúde evoluiu com o passar dos anos. Antes, elas eram vistas como a oferta e
o financiamento de cuidados médicos. Atualmente, entende-se que são as
condições sociais e econômicas que contribuem para o surgimento de patologias e
a consequente necessidade de atendimento médico.
Diversos estudos apontam para a ideia
de que a susceptibilidade a doenças é mais favorecida por questões socioambientais.
As questões genéticas, por sua vez, são mais utilizadas para o entendimento de
doenças específicas. Os autores enfatizam que as condições de saúde não são
afetadas exclusivamente por questões econômicas. O trabalho, os vínculos
afetivos, a relação com a comunidade, o acesso universal à saúde, dentre outros
fatores, interferem em nosso bem estar. Se eles não estiverem em harmonia,
podem gerar uma série de consequências, como a depressão.
O texto original aborda a importância
dos determinantes de saúde relacionando-os a dez tópicos. Aqui nos deteremos a
apenas cinco: gradiente social, estresse, primeira infância, exclusão social e
trabalho.
Gradiente social é o primeiro tópico
abordado, e fala sobre as divergências sociais e econômicas e o modo como elas
afetam a vida dos indivíduos ao logo dos anos. Ele ocorre em toda sociedade. Todavia,
as pessoas economicamente menos favorecidas estão mais suscetíveis a doenças e
até mesmo a diminuiçãodo tempo de sobrevida. As políticas públicas devem
promover ações que reduzam estas desigualdades e proporcionem melhor qualidade
de vida e segurança. Além disso, cabe a elas, traçar estratégias que reduzam os
níveis de fracasso escolar, desemprego, e proporcionar o pleno exercício de
cidadania.
Quando estamos em situações
emergenciais, nosso organismo trabalha a fim de disponibilizar toda a energia
necessária. Nas situações de estresse raramente há uma demanda, extrema ou não,
de energia, uma vez que a rotina dessas pessoas raramente envolve atividade
física de moderada a alta intensidade. No entanto, a resposta ao estresse acaba
desviando recursos de muitos processos fisiológicos importantes para a saúde.
Se o indivíduo é exposto ao estresse psicológico e social crônico, aumenta-se a
vulnerabilidade a doenças, infecções, depressão, dentre outras. As políticas
públicas de saúde entram com o papel de promover melhor qualidade do ambiente
social, bem como medidas que abarquem as necessidades psicossociais e materiais
de cada comunidade.
A primeira infância, além de ser um
período de grandes descobertas, é também uma fase crucial para o
estabelecimento das fundações de saúde da vida adulta. Estudos apontam que um
mau desenvolvimento nesta fase – ocasionado por desnutrição, por exemplo, -
pode desencadear uma série de alterações posteriores, tais como problemas de
comportamento e o risco de marginalização social na fase adulta. As políticas
públicas, então, tem o papel de gerir melhorias, oferecendo uma educação de
qualidade, o acesso a uma alimentação adequada, condições sanitárias,
acompanhamento das gestantes antes e durante a gravidez, fornecer informações
aos pais para que estes aprendam a lidar com as necessidades de seus filhos.
A temática da exclusão social é muito
complexa. Os autores apontam dois tipos de pobreza: absoluta e relativa. A
primeira compreende a falta de materiais básicos vitais. A segunda é vista em
alguns casos como viver com menos de 60% da renda média nacional (o que no Brasil equivaleria, em 2013, a
receber um salário mínimo). As pessoas que não tem acesso a uma moradia; que
vivem ou viveram em instituições (prisões, hospitais psiquiátricos, abrigos),
estão desempregadas; pertencem a grupos étnicos minoritários e/ ou apresentam
alguma deficiência, estão mais predispostas a ter uma morte prematura ou a serem
vítimas da exclusão social. Não é difícil visualizar a carga de estresse a qual
elas estão submetidas. Quanto maior for o tempo de exposição a estes
componentes nocivos, maior a probabilidade do surgimento da depressão, de
doenças cardiovasculares e, até mesmo, de morte súbita.
A saúde não é afetada apenas
diretamente, mas também indiretamente pelas grandes privações, falta de segurança,
desemprego, má alimentação, dentre outras.As políticas públicas devem tentar
diminuir as taxas de mortalidade e os altos índices de doenças, reduzir as
desigualdades, falta de segurança, garantir à população um rendimento mínimo e
o acesso à saúde.
Com relação ao último ponto,
trabalho, o texto nos leva a entender que este influencia as questões de saúde.
Um trabalho que sobrecarrega o sujeito, que não fornece condições mínimas, o
próprio estresse desencadeado, assim como pouca oportunidade de usar as
habilidades e pouca autoridade na tomada de decisões pode gerar diversas
consequências, desde dores nas costas, até depressão. Estudos apontam que o
apoio social e o reconhecimento (seja em dinheiro, status e/ou autoestima),
fortalecem os indivíduos diminuindo a probabilidade de possíveis doenças (recursos de enfrentamento). Portanto, entende-se
que melhores condições de trabalho podem reduzir estes riscos, como também
levar a uma maior produtividade. Um ambiente ergonomicamente adequado, um
trabalho que permita a participação de seus funcionários, também são fatores
muito importantes.
Em linhas gerais, esse artigo faz menção aos
determinantes sociais da saúde. Expor alguns desses fatores é relevante no
sentido de mostrar à sociedade e, principalmente, ao aparato estatal, caminhos
a trilhar para melhorar a qualidade de vida. O estresse, o gradiente social,
questões de trabalho, a primeira infância e a exclusão social são pontos
importantes que se relacionam com os determinantes sociais e também com as
políticas públicas de saúde. Em especial, o diferencial deste texto é a ênfase
dada a estas políticas; todo o texto nos leva a pensar o quanto elas podem
promover mudanças que favoreçam o panorama atual da saúde.
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