O psicólogo, a saúde pública e o esforço preventivo

Resenhado por Alexsandra Macedo

MEJIAS, N. P. O psicólogo, a saúde pública e o esforço preventivo. Rev. Saúde Públ., S. Paulo, 18:155-61, 1984.

     O presente estudo parte da questão de como levar o atendimento psicológico a um número maior da população. Como princípio, entende o papel da psicologia como relevante para a promoção e manutenção da saúde, assim como seu potencial preventivo no que se refere a doenças orgânicas. Foi usada como base de trabalho, a revisão de vários artigos relacionados aos problemas da influência do comportamento do indivíduo na manutenção de sua saúde e a interação desses aspectos de comportamento, saúde e ambiente. É importante observar que esses artigos foram baseados nas condições vigentes nos EUA, mas são adequados a nossa realidade devido a sua generalidade e ao enfoque no risco à saúde das populações menos favorecidas.
     As pesquisas citadas trabalham com o conceito de Psicologia da Saúde baseada na divisão 38, criada pela Associação Americana de Psicologia (APA) em 1978. Esse conceito traz um agregado de saberes que contribuem para a promoção e manutenção da saúde, assim como para a prevenção e o tratamento da doença.  Além desse conceito, utilizam também as diretrizes da saúde comportamental e da Psicologia da Comunidade, que é a área de maior proximidade com os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS).
       A partir desses parâmetros conceituais, foi possível identificar que entre os quatro fatores responsáveis por causas de morte (comportamentais, riscos ambientais, biológicos humanos e inadequações no sistema de cuidados com a saúde) nos EUA, 50%  dos óbitos,  tem como fator determinante o próprio comportamento do indivíduo, seu estilo de vida,  20% são os fatores ambientais que são responsáveis por essas mortes, sendo mais 20% devido a fatores biológicos e 10% a cuidados inadequados. Esses resultados podem ser exemplificados com o não uso do cinto de segurança, o abuso de álcool, do fumo e do sal, a prática deficiente de higiene, entre outros.
  A análise dos dados levou ao entendimento de que as ações para melhorarem o estado de saúde dos indivíduos devem ser direcionadas a promoção de programas de prevenção e não somente de tratamento da saúde. Nesses programas os indivíduos devem desenvolver a responsabilidade para com o cuidado com sua saúde, o foco principal será a mudança de hábitos e costumes, sendo que a solução dos problemas de saúde estará vinculada a responsabilidade individual e a responsabilidade social.
 É necessário que a psicologia da Saúde adote um enfoque de comunidade ao invés do modelo de doença e tratamento individual, ou seja, um enfoque de tratamento coletivo, a saúde pública, abrangendo assim as populações menos favorecidas e cada vez mais numerosas. Destaca-se ainda a necessidade do desenvolvimento de pesquisas em nível ecológico, prevenção e intervenção na organização da comunidade, tendo como objetivo o desenvolvimento de indivíduos capazes de produzirem recursos para satisfazerem suas necessidades, lembrando que a psicologia da comunidade está intimamente relacionada à saúde pública.
 Segundo a autora as contribuições da psicologia a saúde pública estão condicionadas aos progressos da Psicologia da Comunitária, o que depende do desenvolvimento de pesquisas que melhor esclareçam as relações entre o funcionamento individual e os ambientes organizacionais e comunitários. 
   Em resumo, o presente trabalho proporciona entender a dinâmica interdisciplinar dos saberes na prevenção e no tratamento de doença, como na promoção de estratégias de promoção a saúde, trazendo o saber da Psicologia da Comunitária e da saúde pública para o desenvolvimento adequado de políticas sociais e de saúde que abarquem a populações menos favorecidas. Podemos também observar nessa leitura a dissolução de alguns equívocos na questão de ações que devem ser executadas em nível coletivo pelos profissionais da psicologia no âmbito da saúde. 

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