Modelos de Comportamento: O Processamento Espontâneo
Resenhado por Laís Santos
Stroebe,
W. &Stroebe, M.S. (1995). Psicologia
Social e Saúde. Instituto Piaget. 50-70.
O modelo de Processamento Espontâneo
foi desenvolvido por Fazio, em 1990. Esta teoria propõe que, em maior ou em
menor grau, todos os comportamentos estão associados a deliberações cognitivas
(formação ou recuperação de atitudes relativas ao comportamento ou às
intenções). Nos casos em que os sujeitos não são capazes ou não estão dispostos
a deliberar cognitivamente, dá-se o processamento espontâneo.
A teoria é fundamentada na ativação
da atitude, percepção seletiva, percepções imediatas do objeto alvo da atitude
e na definição do evento e comportamento. A ativação da atitude diz respeito à
ativação da memória diante do objeto alvo da atitude. Esta primeira etapa
ocorre automaticamente, visto que, não há um gasto representativo de energia.
Por exemplo, ao ver um cachorro, um sujeito ativará automaticamente à memória
diante deste objeto e, consequentemente, uma atitude será ativada.
A percepção seletiva, por sua vez,
corresponde à facilidade em recordar uma atitude associada a características do
objeto. Ela depende da força de associação entre a atitude e o objeto e da
avaliação individual a respeito deste. Em outras palavras, ao passo que se
ativam atitudes, são percebidas qualidades do objeto em congruência com as
atitudes do sujeito. Quando se ativam atitudes positivas, atribuem-se
qualidades positivas, quando se ativam atitudes negativas, atribuem-se
qualidades negativas. Como ilustração, para uma pessoa que tem afinidade com
esportes e futebol, ao ver um jogo de futebol certamente haverá a ativação de
pensamentos positivos de saúde e divertimento. Para outra que veja o mesmo
jogo, masque não goste de esportes, tampouco de futebol, provavelmente haverá a
ativação de pensamentos negativos, sentimentos de desagrado e exaustão.
Após este processo de ativação,
ocorre a definição do evento. As normas, que correspondem às expectativas que
as pessoas mais importantes para nós tem em torno do nosso comportamento,
também influenciam esse modelo interferindo na definição do evento. Para Fazio,
há dois pontos cruciais: a acessibilidade de atitudes relevantes interfere na
associação entre atitude e comportamento e as atitudes fortes exercem maior
influência na percepção.
No primeiro ponto, estudos feitos
por Fazio e colaboradores apontam que a velocidade de resposta evidencia a
acessibilidade das atitudes. Para eles, as atitudes baseadas em experiências
diretas seriam mais acessíveis do que as que foram formadas como resultado de
descrições do objeto alvo. A frequência com que uma atitude é ativada interfere
na rapidez e correspondência entre atitude e comportamento. O segundo ponto nos
mostra que as atitudes fortes exercem um efeito seletivo na percepção. Por
exemplo, num questionário a respeito das eleições nacionais, a rapidez de
respostas referentes a candidato “X”, de acordo com este modelo, prevê uma
correlação maior frente as suas atitudes e suas crenças acerca do objeto alvo
da atitude.
Em suma, esta teoria ajuda as
situações-problema nas quais as intenções comportamentais tendem a falhar.
Entende-se que as atitudes devem exercer grande influência nos comportamentos
processados instantaneamente. De acordo com esta teoria, as atitudes relativas
ao objeto antecedem as atitudes relativas ao comportamento. Em comparação com a
Teoria da Ação Racional (TAR) e com a Teoria da Ação Planejada (TAP), nota-se
que este modelo carece de maiores detalhamentos e maior precisão e que deve ser
utilizado de forma complementar aos outros modelos citados.
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