Development of a positive psychology intervention to improve adherence in adolescents with type 1 diabetes

22:59


Postado por Ariane de Brito

Jaser, S. S., Patel, N., Linsky, R., & Whittemore, R. (2014). Development of a positive psychology intervention to improve adherence in adolescents with type 1 diabetes. Journal of Pediatric Health Care, 28, 478–485. doi: 10.1016/j.pedhc.2014.02.008

O presente artigo teve como objetivo descrever o desenvolvimento, viabilidade e aceitabilidade de uma intervenção de psicologia positiva para adolescentes com diabetes tipo 1 (DM1) e seus pais, visando melhorar a adesão ao regime de tratamento intensivo. O diabetes tipo 1 é uma doença crônica comum na infância e na adolescência. Atualmente, a estimativa é que 1 em cada 400 indivíduos com idade inferior a 20 anos seja acometido pela doença. Apesar de ser crônica e ainda sem cura, o diabetes tipo 1 pode ser tratado e controlado, evitando e/ou adiando o risco de complicações médicas agudas e de longo prazo, principalmente, se houver uma boa adesão ao tratamento e bom controle glicêmico. Seu regime de tratamento indicado envolve a monitorização frequente dos níveis de glicose no sangue, administração e ajustes de doses e/ou injeções de insulina diariamente, monitoração e controle da ingestão de carboidratos, e a prática de atividades físicas regulares. No entanto, este nível intensivo de responsabilidade pode se tornar um elemento estressor, aumentando o estresse e impactando negativamente a qualidade de vida de adolescentes com DM1. Estudos têm indicado que problemas de adesão entre os adolescentes com DM1 são comuns e que a melhoraria da aderência nessa população costuma ser demorada e de custo financeiro elevado. Diante disso, os autores do presente estudo ressaltam a necessidade de novas abordagens que visem melhorar a adesão ao tratamento e o controle glicêmico de adolescentes com DM1.
Tendo como premissa o afeto positivo, tema emergente nos últimos anos, estudos têm demonstrado sua relação com efeitos benéficos sobre a saúde e sobre a adesão ao tratamento. Assim, considera-se que no caso de adolescentes DM1 e sua família, o aumento do afeto positivo poderia ter um grande impacto sobre a adesão e a gestão do diabetes. Em adultos com doença crônica, a aplicação dos princípios da psicologia positiva, como induzir afeto positivo, tem sido bem-sucedida para a melhoraria da adesão ao tratamento a longo prazo. Nestes estudos era perguntado e/ou solicitado aos pacientes que os mesmos notassem coisas que lhes deixam felizes, suas fontes de orgulho, escolher pequenos presentes para induzir o afeto positivo. No entanto, não foi possível encontrar na literatura estudos que tenham examinado os efeitos de afeto positivo para a indução de comportamentos de adesão em populações pediátricas.
Para tanto foi realizado um estudo piloto randomizado com 6 meses de follow-up, onde se utilizou de metodologia quantitativa e qualitativa para avaliar a intervenção. Trinta e nove adolescentes com idade entre 13-17 anos e seus pais participaram da pesquisa. Após completar os dados do questionário, os adolescentes foram aleatoriamente designados para o grupo de afeto positivo (PA) ou para o grupo de educação em controle de atenção (EDU). Adolescentes de ambos os grupos receberam telefonemas de um assistente de pesquisa treinado a cada 2 semanas, durante 8 semanas, para coleta de dados sobre o humor e auto-gestão do diabetes.
Na intervenção do grupo PA foram utilizados exercícios de psicologia positiva de gratidão (quais são algumas coisas que te fazem feliz, mesmo por um momento?), autoafirmação (do que te deixa orgulhoso?) e pequenos presentes para induzir o afeto positivo. Além disso, foi solicitado aos pais dos adolescentes do grupo que escrevessem mensagens semanais personalizadas de afirmações positivas para os seus filhos, as vezes ditas de forma verbal também. Foram realizados ainda telefonemas bissemanais para lembrar os adolescentes a usar os exercícios de gratidão e autoafirmação. Quanto aos presentes, os preferidos dos adolescentes (que escolhiam a partir de uma lista) foram enviados a cada 2 semanas, durante 8 semanas. Para os adolescentes do grupo EDU foram enviados materiais educativos em diabetes a cada 2 semanas, durante 8 semanas. Os materiais educativos consistiam em pacotes de 3 páginas, com temas relacionados com o diabetes, a saber: "Verificando o açúcar no sangue”, “Exercícios, esportes e diabetes" e "Hipoglicemia". Cada pacote incluía ilustrações e linguagem simples sobre o DM1.
Foram coletados dados psicossociais, comportamentais e clínicos no início do estudo, de 3 meses, e de 6 meses. Os adolescentes e os pais foram compensados ​​por completar questionários (US $ 10). Além disso, os adolescentes foram convidados a concluir inquéritos curtos a cada 2 semanas da intervenção de 8 semanas (Inventory Self Care e Positive and Negative Affect Scale).
Sobre o interesse no estudo, os pais e os adolescentes do grupo PA estavam interessados por razões diferentes. Os pais pensaram que seria útil para melhorar os resultados de diabetes (n = 5), para aprender mais sobre o diabetes (n = 6) e afirmações positivas (n = 9) entre outros.  Já os adolescentes, a maioria estava interessada ​​no estudo devido aos incentivos: o dinheiro para concluir inquéritos (n = 8) ou os presentes que poderiam receber (n = 7). A pesquisa de satisfação entre os participantes revelou ainda que eles classificaram a intervenção de forma positiva, com uma pontuação de satisfação global de 11,1 de 15,0.
No grupo EDU, 72,0% falavam de forma muito positiva sobre o estudo (n = 13), 17,0% foram em sua maioria positivas (n = 3), e 11,0% (n = 2) manifestaram a sua insatisfação. No geral, os pais e os adolescentes relataram que os pacotes de educação foram informativos. Os pacotes também ajudaram a lembrar adolescentes para verificar a sua glicose no sangue com mais frequência. Semelhante ao do grupo PA, a insatisfação dos pais ou adolescentes 'foi principalmente com a coleta de dados por telefone e com os questionários respondidos na clínica.
            Sobre o uso do afeto positivo, pais e adolescentes do grupo PA informaram que eles incorporaram afeto positivo em exercícios na vida diária. A maioria dos pais relataram que eles forneceram afirmações positivas durante toda a duração do estudo (n = 16/17 entrevistados), que foram fornecidos verbalmente (n = 7), ambas as mensagens verbalmente e com texto (n = 7) e, com apenas mensagem de texto (n = 3). O desafio predominante à participação relatado por adolescentes e pais foi completar a coleta de dados por telefone. Outros fatores que dificultaram a participação no estudo foram razões pessoais (por exemplo: problemas de saúde da família) e tempo.
Sugestões para facilitar a participação pode ser a modificação do processo de coleta de dados, por exemplo, menos levantamentos, pesquisas de discussão vs. complemento dos dados na clínica, coleta de dados on-line. Mais da metade dos pais e dos adolescentes afirmaram que preferem mensagens de texto do que chamadas telefônicas (n = 20). No entanto, a ambivalência também foi expressa, pois muitos pais e adolescentes relataram gostar das chamadas de telefone ou pensaram o quão difícil seria responder determinadas perguntas através de texto (n = 11).
Por fim, como conclusão, os resultados deste estudo demonstram a viabilidade e aceitação de fornecer uma intervenção da psicologia positiva para adolescentes com DM1 e seus pais. Em pesquisas futuras é indicado examinar o efeito das intervenções de psicologia positiva usando modalidades alternativas de ajustamento psicossocial, qualidade de vida e adesão às tarefas de auto-gestão do diabetes em adolescentes com diabetes tipo 1.

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