Do Otimismo Explicativo ao Disposicional: A Perspectiva da Psicologia Positiva
Resenhado por Matheus
Fernandes
Bastianello,
M. R., & Hutz, C. S. (2015). Do Otimismo Explicativo ao Disposicional: a
Perspectiva da Psicologia Positiva. Psico-USF, 20(2), 237-247. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-8271201520020
O otimismo é um tema bastante abordado, do ponto de vista cultural
ou científico, como algo relacionado à aspectos positivos da vida e aos modos
com que as pessoas lidam com as adversidades. Nesse contexto, o presente
trabalho traça um panorama acerca de duas abordagens sobre o otimismo dentro da
Psicologia Positiva. A primeira diz respeito a teoria de Martin Seligman (1998)
que explica o otimismo como algo adquirido, ou seja, sendo ele aprendido. Esta teoria
também difere o otimista do pessimista no modo como ele lida e pensa sobre os
eventos que o sujeitam, fundamentando-se na ideia de que as pessoas explicam os
eventos ruins através de uma inabilidade de fuga desses eventos. A segunda
abordagem refere-se a linha de pensamento de Michael Scheier e Charles Carver (1985)
que trata o otimismo a partir de uma dimensão disposicional, compreendida
dentro das expectativas que as pessoas possuem sobre eventos futuros. Os otimistas
então são aqueles que esperam que coisas boas aconteçam, e essas expectativas
irão influir nas percepções dessas pessoas no sentido da tomada de decisões ou no
tracejar de objetivos.
Os autores iniciam o texto abordando a etiologia da palavra
“otimismo” e destacam o desenvolvimento desse construto historicamente nos
campos da filosofia, da literatura, da ciência e finalmente da Psicologia
Positiva, área de principal interface com os aspectos que giram em torno do
tema. Eles destacam a teoria de Seligman, do otimismo aprendido fundamentado em
três dimensões - a saber: 1) A permanência, isto é,
a duração do efeito de um evento ao longo do tempo; 2) A difusão, que é a
propagação dos efeitos dos eventos para outras esferas, influindo em outros
acontecimentos na vida do indivíduo; e 3) A personalização, relacionada à causa
do evento, se ela é de origem externa ou interna. Destaca-se também a teoria de
Scheier e Carver do otimismo disposicional, centrado em expectativas positivas
e um forte senso de confiança no desfecho positivo dos eventos que cercam essas
expectativas. Ainda descrevem, em ambas as teorias, diversas pesquisas e
experimentos, entre eles algumas pesquisas no campo do transtornos depressivos,
de ansiedade e do otimismo associado a autoestima.
É importante destacar que o otimismo, como o próprio texto
menciona, deve ser compreendido como uma variável que possui correlações com
outras dimensões do ser humano, em termos de construção da percepção do indivíduo
e de definição de sua personalidade. Também é imprescindível notar a
necessidade de se estudar esse tema, no campo da saúde, pois é evidente a
ligação do otimismo com aspectos de bem-estar e da relação saúde-doença do
indivíduo servindo, por exemplo, como preditor de depressão, ansiedade,
resiliência, entre outros.
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