A influência da ansiedade nas estratégias de enfrentamento utilizadas no período pré-operatório
The influence of anxiety in coping strategies used during the pre-operative period
Medeiros,
V. C. C, & Peniche, A. C. G. (2006). A influência da ansiedade nas
estratégias de enfrentamento utilizadas no período pré-operatório. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 40(1), 86-92. doi:10.1590/S0080-62342006000100012
Resenhado por Millena Bahiano
Constantemente os pacientes que se submetem a uma intervenção cirúrgica em instituições hospitalares não dispõem de informações e orientações adequadas quanto as etapas que envolvem uma cirurgia. Este desconhecimento favorece o aparecimento de reações emocionais desadaptativas. O desenvolvimento de estratégias de enfrentamento está diretamente relacionado com a subjetividade e o estado emocional do paciente. Estar informado permite que o paciente desenvolva estratégias de enfrentamento para lutar ou fugir do evento estressor. Cada paciente tem que dispor de recursos para enfrentar a cirurgia, a anestesia e gerenciar a ansiedade que pode vir a anteceder o processo cirúrgico.
O presente estudo teve como objetivo investigar o estado de ansiedade e a sua interface com as estratégias de enfrentamento dos pacientes no período pré-operatório. A pesquisa foi realizada na Unidade de Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Para a coleta dos dados foram utilizados o questionário de estado de ansiedade de Spielberger e o inventário de estratégias de coping de Lazarus e Folkman. Como critérios de seleção, os participantes deveriam ser alfabetizados e pertencer ao programa de cirurgias eletivas de médio e grande porte, possuir faixa etária entre 18 e 65 anos e não apresentar intercorrências psiquiátricas anteriores. Participaram do estudo 40 pacientes submetidos a cirurgias eletivas. A amostra foi composta em sua maioria por mulheres (62%) e a média de idade dos participantes foi de 46 anos (DP = 11,24)
Dentre os resultados, viu-se que, quando questionados sobre cirurgias realizadas anteriormente, 25% dos pacientes nunca haviam se submetido a procedimento anestésico-cirúrgico e 75% já tinham sofrido algum tipo de intervenção cirúrgica. Quanto a ansiedade, 57% dos pacientes apresentaram baixo estado de ansiedade e 43% médio estado de ansiedade, o que caracteriza a amostra como sendo pouco ansiosa, com baixo estado de ansiedade em relação ao evento anestésico-cirúrgico. As estratégias mais utilizadas pelos pacientes foi a resolução de problemas (M = 1,75) seguida do suporte social com uma média de 1,63. Sobre a ansiedade e as estratégias de enfrentamento, obteve-se uma correlação negativa entre o estado de ansiedade e o suporte social e a resolução de problemas.
O estudo também mostrou que a experiência prévia em intervenções cirúrgicas pode ter influenciado na utilização das estratégias de enfrentamento (suporte social e a resolução de problemas), na avaliação do indivíduo sobre o evento estressor e no baixo nível de ansiedade de alguns pacientes. Segundo os autores, o que determina a escolha das estratégias de enfrentamento será a natureza do estressor, as circunstâncias em que ele se reproduz, a história prévia de confronto a situações adversas. Para a psicologia, se faz importante compreender essa relação entre o uso de estratégias de enfrentamento e ansiedade, uma vez que as reações emocionais negativas podem incorrer em prejuízos psicológicos à vida das pessoas no período do pré e pós operatório.
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