Otimismo disposicional do paciente e do parceiro como um preditor de longo prazo das representações de doenças em doenças autoimunes
Karademas, E. C., Ktistaki, G., Dimitraki, G., Papastefanakis, E., Mastorodemos, V., Repa, A., Gergianaki, I., Bertsias, G., Sidiropoulos, P., & Simos, P. (2017). Patient and partner dispositional optimism as a long-term predictor of illness representations in autoimmune diseases. Journal of Health Psychology, 22(13), 1691–1700. https://doi.org/10.1177/1359105316633287.
Resenhado por Kelyane Sousa
O otimismo disposicional é a tendência generalizada de esperar bons resultados mesmo em face de obstáculos. Ele determina a distinção entre duas classes de comportamento: (1) esforço contínuo ou (2) desistir e se afastar. Pessoas com níveis mais elevados de otimismo tendem a ter mais confiança na sua capacidade de gerenciar dificuldades, lidar efetivamente com a experiência negativa e, consequentemente, obtêm mais sucesso na adaptação. O otimismo tem sido também relacionado a melhores resultados de recuperação de doença, redução de sintomas e de mortalidade em diversas condições crônicas de saúde, como câncer, artrite reumatoide e diabetes. Esse impacto se dá devido a vários comportamentos adaptativos como a promoção de hábitos mais benéficos, uso de estratégias de enfrentamento mais eficazes, regulação emocional e representação da condição de saúde. Nesse estudo, o otimismo disposicional foi avaliado como preditor de adaptação ao adoecimento em pessoas com doença autoimune e seus parceiros.
A adaptação à doença envolve não somente o paciente, mas também seus parceiros. Vários estudos apontam que a adaptação dos casais é um processo mútuo entre paciente e seu parceiro que, frequentemente, desenvolvem formas comuns de enfrentar e representar a doença. As representações da doença de cada parceiro estão diretamente relacionadas ao ajustamento do outro às condições de saúde e bem-estar. Além disso, seus traços de personalidade estão relacionados e também afetam as reações uns dos outros diante da doença.
A pesquisa teve como objetivo examinar a relação entre o otimismo disposicional de casais que lidam com uma doença autoimune e as representações da doença de ambos os parceiros como indicador de adaptação à doença. Participaram 62 casais, com idades entre 29 e 69 anos, em que um dos membros estava lidando com um de três tipos de doença autoimune diagnosticada recentemente: artrite reumatoide (AR), lúpus eritematoso sistêmico (LES) ou esclerose múltipla (EM). Ainda, todos os casais foram convidados também a participar da avaliação de acompanhamento 1 ano depois. Foram avaliados o otimismo, a representação e gravidade da doença.
Os resultados mostraram que o otimismo disposicional dos pacientes pode prever suas representações da doença, ou seja, o otimismo pode ser um poderoso preditor de adaptação de longo prazo. Tal dado indica que é possível ofertar suporte ao moldar as maneiras de uma pessoa compreender sua condição de saúde. Com relação à análise dos casais, o otimismo dos pacientes interferiu na adaptação dos parceiros, pois previu suas representações sobre o controle pessoal da doença e suas consequências. Isso porque elas são afetadas pelas maneiras gerais como os pacientes reagem a estímulos aversivos e problemas (conforme refletido em seu otimismo). É possível que a própria perspectiva dos parceiros sobre a doença seja impactada e, eventualmente, guiada pelas reações cognitivo-emocionais e comportamentais dos pacientes.
A análise do otimismo como traço de personalidade em pessoas com doenças autoimunes e seus parceiros amplia as formas de atuação da Psicologia da Saúde no suporte do processo de adaptação e enfrentamento à doença crônica que, por sua vez pode impactar no desenvolvimento e evolução desta. Conhecer preditores de comportamento que vão impactar no ajustamento das pessoas é fundamental para uma atuação eficaz do psicólogo.
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