Crenças em saúde acerca do exame do toque retal
Turri,
G. S. S., & Faro, A. (2018). Crenças em saúde acerca do exame do toque
retal (no prelo). Arquivos Brasileiros de
Psicologia.
Resenhado por
Luana Santos
Os
homens morrem mais cedo quando comparados com as mulheres, pois buscam
atendimento preventivo mais tardiamente. Dentre as principais causas de morte
entre a população masculina há o câncer de próstata, responsável por mais de 13
mil mortes de homens por ano. Uma das maneiras para evitar seu aparecimento e
aumentar a chance de cura consiste na realização de exames preventivos, como o
exame do toque retal (ETR), e na ida a consultas regulares. No entanto, muitos
homens ainda se negam a tomar tais precauções, devido às crenças distorcidas
acerca do ETR, aumentando assim as taxas de morbimortalidade. Entender os mitos
e as crenças sobre o exame é de extrema relevância, pois assim medidas mais
eficazes podem ser tomadas para aumentar a adesão dos homens às práticas
preventivas como a realização do ETR. Dito isto, este trabalho buscou
identificar as principais crenças de homens acerca do ETR, comparando as
respostas de homens que fizeram o ETR (G1) e dos que ainda não o fizeram (G2).
Para
investigar a amostra, utilizou-se um questionário sociodemográfico e clínico,
além da técnica de evocação livre de palavras. Os dados foram analisados com
auxílio dos programas SPSS e OpenEvoc, sendo
que este último forneceu ao estudo um quadro com quatro quadrantes de acordo
com a importância de cada evocação. Os resultados foram discutidos com base no
Modelo de Crenças em saúde e mostraram que, no G1, as evocações relacionadas à
suscetibilidade, gravidade e benefícios do exame foram mais enfatizadas. Já no
G2, destacaram-se as crenças voltadas à suscetibilidade e aos benefícios de
realizar o exame. Os dados encontrados sugerem que fazer o ETR pode reforçar
alguns estereótipos em relação aos aspectos negativos do exame, porém não anula
os aspectos positivos.
Supõe-se, a partir dos presentes resultados
encontrados, que para ambos os grupos todos os pontos negativos do ETR podem
ser enfrentados, já que ele pode detectar o câncer precocemente e evitar uma
morte dolorosa e prematura. Embora o G1 tenha salientado mais as Barreiras, os
homens do grupo não deixaram de fazer o ETR e mesmo que o G2 não tenha feito o
exame, o grupo não deixou de enfatizar seus Benefícios. No quadro geral
fornecido pelo OpenEvoc, as evocações
dos homens do G2 demonstraram que eles reconhecem que o diagnóstico de uma
doença crônica como o câncer de próstata faz surgir a questão da morte,
principalmente por estarem cientes que é uma doença de longo tratamento e de
difícil cura. Ainda que não tenham feito o exame, tais crenças podem ser
indícios de que pretendem realizá-lo num futuro próximo.
Enfim,
deve-se levar em consideração a relação paciente-profissional, bem como a
condução do profissional durante a realização do ETR, já que barreiras podem
estar sendo reforçadas nessa situação. Assim, aponta-se para a necessidade de
trabalhar a temática da busca pelo ETR não só com a população-alvo, mas também
com os profissionais de saúde. Isso é relevante dentro da psicologia da saúde
pois possibilita novas formas de ver e entender as crenças e seu papel dentro
de um contexto voltados para as enfermidades.
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