Investigação do estresse, ansiedade e depressão em mulheres com fibromialgia: um estudo comparativo
Ramiro, F. S, Júnior, I. L., da Silva, R. C. B., Montesano,
F. T., de Oliveira, N. R. C., Diniz, R. E. A. S., & da Costa Padovani, R.
(2014). Investigação do estresse, ansiedade e depressão em mulheres com
fibromialgia: um estudo comparativo. Revista Brasileira de Reumatologia, 54,
27-32.
Resenhado por Joelma Araújo
A fibromialgia trata-se de uma síndrome complexa
que compromete de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes e se caracteriza
por dor musculoesquelética difusa e crônica, bem como sítios dolorosos
específicos à palpação, denominados tender points (pontos dolorosos). Os
sintomas da fibromialgia são físicos, tais como fadiga, rigidez matinal,
distúrbios do sono, e psicológicos, tais como prejuízos cognitivos e tantos
outros que caracterizam muitas vezes quadros de depressão e ansiedade. Considerando-se
o comprometimento da qualidade de vida causado pela fibromialgia, os indivíduos
afetados vivenciam elevados níveis de estresse quando comparados a pessoas sem
a patologia. As mulheres são mais prejudicadas pela síndrome, principalmente
aquelas de idade entre 40 e 50 anos. Além de estarem mais expostas à situação
de estresse, devido aos papéis culturais dentro da sociedade, elas também estão
mais vulneráveis ao estresse em vista da sua condição biológica.
O estresse é entendido
como reações psicofisiológicas e comportamentais complexas, originadas quando
há um desequilíbrio interno frente a alguma situação ameaçadora. A reação ao
estresse é um processo natural do organismo, que gera energia e motivação
através da liberação de adrenalina e noradrenalina. Essa reação inicial é
denominada fase de alerta e é considerada positiva, no entanto, se o estresse
persistir, pode evoluir para as fases de resistência, quase-exaustão e
exaustão.
Nos quadros de
fibromialgia, a quebra da homeostase interna é constante, pois o conjunto de
sintomas sobrecarregam a capacidade adaptativa do organismo. Além disso, as variáveis
emocionais podem levar ao agravamento dos sintomas da fibromialgia. Diante
disso, desenvolveu-se um estudo para ampliar o entendimento de tais variáveis,
buscando investigar índices de estresse, ansiedade e depressão em 50 mulheres:
25 com fibromialgia e 25 saudáveis. Os
instrumentos utilizados foram o Inventário de Sintomas de Stress para
Adultos de Lipp (ISSL), o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e o Inventário
de Depressão Beck (BDI).
Devido ao alto índice de estresse encontrado no
grupo com fibromialgia (96%)
os autores discutem os prejuízos funcionais e os relacionados ao bem-estar
psicossocial, além de alertar para o risco de o quadro de estresse evoluir para
a fase de exaustão, que estava presente em 4% dos sujeitos. Outro ponto
discutido foi à constatação de que o traço de ansiedade teve um escore
relevante, superior ao estado de ansiedade.
O que leva a compreender, segundo os autores, que existe um padrão
cognitivo-afetivo e comportamental ansioso relativamente estável nos indivíduos
estudados. Também foi identificado um quadro de depressão moderada nas
participantes com fibromialgia.
Desta forma, o presente estudo relaciona-se com a área da Psicologia da
Saúde tendo em vista que contribuiu para evidenciar a linha tênue existente
entre fatores psíquicos e o adoecimento físico. No caso da fibromialgia, em
particular, contribuiu para o controle do estresse e prevenção de transtornos
como depressão e ansiedade, fundamentais para a promoção da qualidade de vida.
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