Estresse Pré-operatório: Comparação entre Pacientes do SUS e Conveniados
Santos, A. F, Santos, L. A.,
Melo, D. Oliveira., & Alves Júnior, A. (2009). Estresse pré-operatório: Comparação
entre pacientes do SUS e conveniados. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(2),
269-276. doi:10.1590/S0102-79722009000200014
Resenhado por
Millena Bahiano
O estresse dos
indivíduos que são encaminhados à submissão de cirurgias de médio e grande
porte pode comprometer o pré-operatório cirúrgico e a recuperação de muitos
pacientes, além de acarretar dificuldades no processo de enfrentamento da
doença. O estresse
surge quando os recursos são perdidos ou ameaçados e o indivíduo encontra
situações cujas exigências ultrapassam o seu poder de lidar com elas. Quatro são as fases que subdividem o estresse,
alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão sendo elas determinadas pela
duração do agente estressor e pelo surgimento de sintomas físicos e/ou
emocionais.
O presente estudo objetivou comparar o
estresse vivenciado por pacientes no pré-operatório de colecistectomia e que se
encontravam em atendimento no SUS e por convênios de saúde particular. A
colecistectomia é um procedimento cirúrgico comumente realizado e deriva-se da
extração da vesícula biliar. O diagnóstico decorre da presença de cálculos na
vesícula biliar precedido de dores intensas na região abdominal e intolerância
a ingestão de alimentos gordurosos. A amostra do estudo foi constituída por 60
participantes, de ambos os sexos, em estágio pré-operatório cirúrgico para a
colecistectomia em quatro hospitais da cidade de Aracaju (SE). Dessa maneira, a
amostra foi dividida em 30 pacientes atendidos pelo SUS (50,0%) e 30 pacientes
atendidos por planos de saúde particular (50%). Para a investigação do estresse
utilizou-se o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL).
O perfil sociodemográfico que predominou na
amostra foi de pacientes do sexo feminino (78,3%), casados (50,0%) e com idade
média de 39,4 anos (DP = 10,77). A maioria dos indivíduos possuíam escolaridade em nível
fundamental (35%) ou médio (35,0%), foram de religião católica (83,3%),
residentes em Aracaju (58,3%) e com emprego formal (55,0%). Em geral, a média
de tempo esperado entre a marcação da cirurgia e a realização da mesma foi de
15,4 dias (DP = 10,38) e a
colecistectomia não era o primeiro procedimento cirúrgico ao qual foram
submetidos (65,0%). Em relação a consulta pré-anestésica 100% dos pacientes do
SUS não a realizaram, em contrapartida 100% dos pacientes dos planos de saúde a
fizeram.
Dentre os resultados da amostra total do
estudo, 63,3% dos pacientes apresentaram estresse sendo que 63,2%
encontravam-se na fase de resistência, 31,6% de exaustão e 5,2% de
quase-exaustão.
Os pacientes que apresentaram estresse
exibiram pelo menos uma semana antes da cirurgia, sintomatologias psicológicas
(89,5%), tais como: pensar constantemente em um só assunto (100%), diminuição
da libido (100%) e irritabilidade excessiva (90,5%). Quanto a assistência à
saúde oferecida aos pacientes do SUS, observou-se que a maior parte apresentou
estresse (93,3%) onde predominou a fase de resistência (64,3%) e sintomatologias
psicológicas (92,9%). Em relação aos convênios de saúde, 33,3% dos pacientes apresentaram
estresse com predominância de 60% dos indivíduos na fase de resistência e 80,0%
com presença de sintomas psicológicos.
Sabe-se que
qualquer cirurgia a ser realizada no indivíduo mobilizará eventos estressores e
de natureza ansiosa. Assim, o psicólogo da saúde afim de minimizar o estresse
que antecede o processo cirúrgico e o período de adoecimento pode desenvolver
ações que promovam o enfrentamento da doença e que contribuam para o bem-estar
do paciente no pré-operatório ou após a cirurgia. Com isso, diminui-se o risco
de comorbidades e agravos psicológicos ao indivíduo.
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