Déficits neurocognitivos em crianças com condições crônicas de saúde

Compas, B. E., Jaser, S. S., Reeslund, K., Patel, N., & Yarboi, J. (2017). Neurocognitive deficits in children with chronic health conditions. The American Psychologist, 72(4), 326–338. doi:10.1037/amp0000042

Resenhado por Danielle Alves Menezes

Estima-se que mais de 1 em cada 3 de 74 milhões de crianças e adolescente na América, com idades entre o nascimento até 18 anos, vivem com uma condição crônica de saúde. Avanços em pesquisas têm contribuído para que as taxas de sobrevivência desse público aumentem. Ao chegarem à idade adulta, são comuns comprometimentos de estruturas cerebrais e consequentemente de funções cognitivas em razão do longo tratamento, implicando diretamente na trajetória educacional, ocupacional, saúde mental e qualidade de vida. O referido artigo analisa essas variáveis a partir de metanálises e, pela primeira vez, em um conjunto selecionado de seis doenças crônicas pediátricas de saúde: a leucemia, tumores cerebrais, anemia falciforme, doença cardíaca congênita, diabetes tipo 1 e lesão cerebral traumática. O objetivo foi de definir a magnitude do problema e identificar as direções para futuras pesquisas e atendimento clínico.
Medidas de QI foram utilizadas para identificar as alterações, sendo comparada à média populacional. Houve evidências significativas de problemas cognitivos em crianças com uma ampla gama de condições crônicas de saúde, variando de sobreviventes de doenças agudas a crianças com problemas congênitos ao longo da vida, e aqueles com problemas que surgem durante o desenvolvimento. A magnitude dos problemas neurocognitivos esteve associada a outros fatores-chave como idade (por exemplo, anemia falciforme), gravidade (por exemplo, traumatismo craniano), e o tempo decorrido desde o diagnóstico ou o início da doença (por exemplo, câncer).
Prejuízos no funcionamento executivo decorrentes de mudanças estruturais significativas no cérebro durante o tratamento, principalmente na substância branca, demonstraram comprometer a capacidade de gerenciar relacionamentos, regular as emoções, e lidar com o estresse, os quais contribuíram para aumento do risco de desenvolver sintomas de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental.
Finalmente, a psicologia da saúde, em parceria com a neuropsicologia, poderá desempenhar um papel essencial a partir de pesquisas que busquem investigar intervenções psicológicas e comportamentais. Os objetivos podem ser prevenir ou remediar os problemas cognitivos nesta população. Além disso, uma importante possibilidade seria verificar efeitos de intervenções biomédicas sobre a função cognitiva.

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