Suicídio na adolescência: Panorama, cuidados e escuta
Faro,
A., & Santos, L. C. S. (2017). Suicídio na adolescência: Panorama, cuidados
e escuta. In V. A. Angerami (Org.), Sobre
o suicídio: A psicoterapia diante da autodestruição (pp. 169-189). Belo
Horizonte: Artesã.
Resenhado
por Brenda Fernanda
Os autores iniciam o capítulo
discorrendo sobre a série 13 Reasons Why,
que abordou a temática do suicídio e destacou as razões apontadas pela
protagonista para que este acontecesse, como o bullying, a ausência de suporte social, a dificuldade de manutenção
de vínculos afetivos saudáveis e sentimentos de desesperança e baixa
autoestima. A série colocou em pauta a discussão sobre um tema que, de acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), figura entre a segunda principal
causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos, evidenciando-se a necessidade
de intervenções eficazes.
Um dos destaques do capítulo é a
busca pela resposta à pergunta: ‘como podemos compreender a morte de um adolescente?’.
Frente a isso, os autores propõem discussões e oferecem algumas evidências
visando a explanar a problemática do suicídio na adolescência. Para isso, traçam
possíveis características sobre o perfil do adolescente que comete o suicídio e
apresentam os principais fatores sociodemográficos e psicológicos associados ao
ato de tirar a própria vida. Destaca-se também a importância de se reconhecer
sinais e mudanças comportamentais que normalmente se relacionam ao
comportamento suicida. Diante disso, apresenta-se uma proposta de escuta
clínica voltada para a temática do suicídio, a fim de se fornecer orientações
gerais ao psicólogo. Por fim, discorre-se sobre possíveis ações preventivas com
base em ações psicoterápicas voltadas tanto para os adolescentes quanto para
sua rede de suporte (família e amigos).
O primeiro subtópico do capítulo,
intitulado ‘Quem é o adolescente que tenta ou comete suicídio?’ conceitua o
suicídio como ato intencional para tirar a própria vida (OMS, 2002) e destaca
que o suicídio tem se configurado como uma das principais causas de morte entre
adolescentes no mundo inteiro. O segundo subtópico, denominado ‘Fatores
sociodemográficos’, apresenta variáveis como sexo, idade, status socioeconômico
e orientação sexual como relacionadas à maior ocorrência de suicídio entre os
jovens. Outras evidências relacionadas ao suicídio seriam eventos negativos de
vida, adversidades familiares, fatores psiquiátricos e psicológicos e fatores
interpessoais. Diante dessas evidências, os autores destacam possíveis sinais de
alerta apresentados pelos adolescentes e a necessidade de uma escuta
psicoterápica qualificada, oferecendo uma proposta didática para os
profissionais da psicologia.
Por fim, ressalta-se a importância
do processo terapêutico e do engajamento de familiares e amigos neste processo,
a fim de que se ofereça suporte emocional adequado aos adolescentes com ideação
e/ou tentativas suicidas. Ao orientar essas pessoas em sofrimento a falar sobre
seus pensamentos e sentimentos em relação ao suicídio e o que os fizeram chegar
a esse ponto, a Psicologia consegue identificar as causas para intervir e
trabalhar o manejo do sofrimento e de situações que funcionariam como gatilho,
proporcionando desfechos mais saudáveis. Nesse sentido, destaca-se também a
importância de ações preventivas e de valorização da vida, promovendo
intervenções tanto no âmbito da saúde pública quanto da educação, além da
realização de parcerias multiprofissionais e oferecimento de acolhimento eficaz
a esses adolescentes.
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