Bullying em adolescentes em Sergipe: Estudo na capital e interior do Estado
Santos,
L. C. S., & Faro, A. Bullying em adolescentes em Sergipe: Estudo na capital
e interior do estado (no prelo). Psicologia
Escolar & Educacional.
Resenhado por Geovanna
Turri
Segundo dados da United Nations Children’s Fund, pelo menos 13% dos adolescentes
brasileiros sofrerão bullying ao
longo da vida. Tal fenômeno é conceituado como um comportamento opressivo, que
pode se manifestar de forma física ou psicológica e que acontece repetitiva e
sistematicamente, de um indivíduo ou grupo que se percebe como mais poderoso
para um indivíduo ou grupo percebido como inferior, sem qualquer justificativa.
Sabe-se que por ser o local de predominância do contato com os pares de mesma
faixa etária, a escola é o cenário típico onde ocorre o comportamento.
Diante da relevância do estudo do
fenômeno, Santos e Faro (no prelo) pesquisaram 555 indivíduos entre 14 e 18
anos que cursavam o Ensino Médio residentes em Aracaju e Nossa Senhora da
Glória, sendo duas escolas (uma da rede privada e uma da rede pública) em cada
local. Utilizou-se a Escala Califórnia de Vitimização ao Bullying (ECVB), que classifica os respondentes em “vítimas de bullies”, “vítimas de pares” e “não
vítimas”, e um questionário sociodemográfico (tipo de escola, município, idade,
sexo, escolaridade parental e suporte social). Conduziu-se uma Regressão
Logística para análise de modelo explicativo do fenômeno (vitimização ao bullying), sendo as variáveis
explicativas as relacionadas ao perfil sociodemográfico.
Dos participantes, 106 (19,1%) foram
classificados como vítimas de bullies,
341 (61,4%) vítimas de pares e 108 (19,5%) enquadraram-se na categoria não
vítimas. Os resultados da regressão logística tendo como variável dependente à
vitimização ao bullying (0 = não
vítimas ou vítimas de pares, n = 449,
F% = 80,9; 1 = vítimas de bullies, n = 106, F% = 19,1), mostraram que o
modelo final foi alcançado em três passos (-2LL inicial = 527,162; final = 512,465) e permaneceram apenas três
variáveis: escola, município e idade, sendo 81% dos casos corretamente
preditos.
Participantes de 16 anos demonstraram
aproximadamente duas vezes mais chances de serem vítimas de bullies [Odds Ratio (O.R.) = 1,9; p = 0,015). Em relação ao município,
moradores da capital também tiveram risco amplificado e exibiram quase duas
vezes mais chances de serem vítimas de bullying
em comparação aos moradores do interior (O.R. = 1,8; p = 0,007).
Enfim, estudantes de escola privada possuíram quase três vezes mais chances de
vitimização ao bullying que alunos da
rede pública de ensino (O.R. = 2,8; p < 0,001).
Assim, o estudo
permitiu o rastreio da distribuição social do fenômeno do bullying em adolescentes sergipanos por meio de uma escala que
favorece o diagnóstico rápido das vítimas (ECVB), o que confirmou a prevalência
da vitimização. O trabalho se mostra relevante para a obtenção de estimativas
acerca da distribuição social e em saúde mental de um fenômeno como o bullying, visto que permite a alocação
de serviços e recursos de forma eficaz e que atendem as necessidades de
monitoração e prevenção desse tipo de situação. Dessa forma, entende-se que o
presente estudo é essencial na área educacional e da saúde, visto que permite
identificar aspectos relevantes do bullying
que interferem no adoecimento mental, podendo ser útil na elaboração de
intervenções coletivas diante do público adolescente.
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