Medidas do estresse: Uma revisão narrativa


Faro, A.  & Pereira, M. E. (2013). Medidas do estresse: Uma revisão narrativa. Psicologia, Saúde & doenças, 14, 101-124.

Resenhado por: Iracema R.O. Freitas

            O Estresse tem sido abordado como uma variável significativa na avaliação do processo saúde-doença. Pesquisas apontam o impacto do estresse sobre o aumento na vulnerabilidade a infecções respiratória, déficits de memória declarativa e episódica, dificuldade da regeneração de tecidos, entre outros. De acordo com Santos (2010), o estresse é descrito como um processo adaptativo que reflete o nível de repercussão de estressores internos e/ou externos sobre a capacidade de adaptação humana às adversidades, e pode surgir conciliado à percepção frente a uma ameaça real ou imaginária que é interpretada como capaz de afetar a integridade física e/ou mental do indivíduo. Este estudo utilizou o método de revisão narrativa com o objetivo de reunir informações sobre medidas do estresse segundo a perspectiva teórica que subsidia os modos de estudo na temática. Por se tratar de um objeto de estudo multifacetado, as medidas do Estresse têm sido estudadas a partir de algumas perspectivas.
A perspectiva baseada na resposta trabalha com indicadores biológicos através da compreensão do funcionamento do organismo quando sofre o estresse. As medidas biológicas utilizadas são: as medidas bioquímicas, trabalhadas na psicoimunologia e na neurofisiologia, em que são analisadas as catecolaminas, o cortisol, os níveis do hormônio do crescimento, a insulina e outros; e as medidas fisiológicas investigadas pela psicoendocrinologia e a neuroendocrinologia, que têm o propósito de analisar o funcionamento de órgãos e tecidos, priorizando a avaliação dos níveis de desgaste e/ou alteração do padrão funcional de determinados sistemas ou estruturas do organismo diante de eventos estressógenos. Por exemplo, na análise da carga alostática, que se refere ao estado de vulnerabilidade produzido por um contínuo desgaste da reação adaptativa na exposição cumulativa aos estressores, são avaliados os custos que órgãos e tecidos pagam pela superativação ou manejo ineficiente dos estressores. A perspectiva baseada no estímulo, que trabalha com a mensuração dos estressores, chamados EVE’s (eventos vitais estressores), foi categorizada segundo a intensidade, o tempo de exposição e a valoração da experiência. A medida ambiental do estresse, defende que há situações que são naturalmente estressoras em qualquer nível considerado (macro, meso ou microssocial) e sua repercussão está ligada às características objetivas do estímulo. A medida de autopercepção do estresse tem um viés cognitivo e considera a percepção e avaliação do estressor. A mensuração é realizada através da Escala de Estresse Percebido (Perceived Stress Scale, PSS), que verifica o quanto o indivíduo avaliou como estressora uma situação qualquer, real ou imaginária, para a qual atribuiu um significado particular.
Ao estudar o estresse e os seus desdobramentos sobre o indivíduo, a Psicologia da Saúde pode fazer uso dos dados, para desenvolver e aplicar técnicas que minimizem o impacto do estresse sobre a cognição do sujeito frente às adversidades. Em parceria com demais ciências, torna-se possível desenvolver um trabalho conjunto que favoreça um contexto mais suscetível à mudanças e promoção de bem-estar físico e mental.

Um comentário:

  1. Inclusive avaliar o nível de estresse é fundamental para evitar transtornos piores, como no caso do ambiente organizacional, a Síndrome de Burnout. O estresse inicial não é danoso ao ser humano, mas ao contrário, prepara o ser humano aos desafios, mas quando prolongada e intensa, pode ser um risco a saúde. Daí ser importante a autopercepção.

    ResponderExcluir

Tecnologia do Blogger.