Diferenças por sexo, adaptação e validação da Escala de Estresse Parental
Brito, A., &
Faro, A. (2017). Diferenças por sexo, adaptação e validação da Escala de
Estresse Parental. Avaliação Psicológica,
16, 38-47.
Resenhado por
Lizandra Soares
A temática da parentalidade
tem ganhado visibilidade no cenário científico, em especial pela necessidade de
compreender o desenvolvimento infantil e a participação que o ambiente familiar
possui nesse processo. Por parentalidade entende-se a construção da relação
entre pais e filhos. A forma como os pais percebem as demandas de seus filhos,
assim como a inabilidade de lidar com tais demandas pode contribuir para o
desenvolvimento de estresse. O estresse, no contexto parental, se refere à
percepção de possuir poucos recursos para lidar com as demandas do papel de ser
pai/mãe. Em casos nos quais os níveis de estresse parental estão elevados, a
relação pais-filhos pode ser prejudicada, comprometendo a qualidade de vida dos
pais e o desenvolvimento dos filhos.
O estudo
realizado por Brito e Faro (2017) teve como objetivo adaptar a Parental Stress Scale (PSS), medida
desenvolvida com o intuito de mensurar os níveis de estresses produzidos na
relação parental percebidos pelos pais de crianças e adolescentes. Essa escala
avalia quatro fatores: 1) recompensas dos pais, 2) estressores dos pais; 3)
falta de controle; e 4) satisfação pessoal. Tais fatores se grupam em duas
facetas baseadas na noção de prazer e tensão relacionados aos benefícios
emocionais e as despesas/restrições frutos dessa relação, respectivamente.
Trata-se de uma escala do tipo Likert
com graduação de 5 pontos (0 = discordo totalmente a 4 = concordo totalmente).
O escore total da escala varia de 0 a 72 pontos, e quanto mais alto o escore,
maior nível de estresse.
Para realizar a adaptação dessa escala para o
português brasileiro, esta passou por uma tradução inicial realizada por três
tradutores bilíngues da área da Psicologia, sendo posteriormente retraduzida
para o idioma original por três tradutores independentes sem conhecimento a
respeito da escala. Por fim, as traduções resultantes passaram pela avaliação
de um comitê, item por item, a fim de selecionar aqueles mais próximos da
versão original. Essa nova versão foi nomeada Escala de Estresse Parental
(EEPa). Na validação de conteúdo, a escala foi submetida à avaliação de três
juízes da área de Psicologia com o intuito de analisar se os itens possuíam
linguagem clara, pertinência prática e relevância teórica.
Foram coletados
dados de 304 participantes (152 pais e 152 mãe) escolhidos por conveniência,
cujo critério de inclusão era ser pai ou mãe (um por casal) entre 18 a 51 anos (M = 35,3; DP = 6,59) com, no mínimo, um filho(a) com idade de 3 a 13 anos. A
análise fatorial exploratória obteve KMO aceitável (0,81). Com relação à
consistência interna, a escala obteve coeficiente alfa (α) de 0,81, sendo no
Fator “Satisfação parental” 0,69 e no Fator “Estressores parentais”, 0,79;
considerados adequados. De acordo com os resultados obtidos através da análise
fatorial, a melhor solução foi o modelo de dois fatores [nomeados de
“Satisfação parental” (8 itens) e “Estressores parentais” (8 itens)]. Esses
dados sugeriram que a escala possui propriedades psicométricas satisfatórias.
O estudo dessa
temática se faz necessário na psicologia da saúde em função da relação parental
se relacionar com o desenvolvimento das crianças, ao passo que, quando esta é
precipitadora de quadros de estresse, pode incidir na saúde mental dos pais e
dos filhos. Por essa razão, mais estudos nessa área são necessários,
principalmente no que se refere à compreensão do impacto que os altos índice de
estresses parental podem ter sobre a saúde geral dos pais.
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