Predileção, Expectativa e Experiência de Parto: O que pensam grávidas e primíparas?
Souza, Y., & Faro, A. (2018). Predileção, Expectativa e
Experiência de Parto: O que pensam grávidas e primíparas? Psicologia, Saúde &
Doenças, 19(2),
243-254. doi:15309/18psd190207
Resenhado por Maísa
Carvalho
Para mulheres
que já possuem ou desejam ter um filho, a gravidez representa um evento singular,
incomparável e repleto de sensações que irão marcar sua história. Desde a
detecção se inicia um ciclo de preparação física e psicológica para o parto,
comumente temido por ser um momento repleto de sofrimento e desgaste para as
mães. Assim, a escolha da modalidade do parto – normal ou cesárea – costuma se
apresentar como um aspecto propulsor de satisfação nessa experiência, a qual é
influenciada por uma série de diversos fatores.
Com o fito de
averiguar os fatores que atravessam a experiência do parto, o presente estudo
entrevistou 25 primíparas acima de
18 anos e residentes em Aracaju (Sergipe), usuárias do Sistema Único de Saúde
(SUS) ou de planos de saúde privados. Destas, 10 se encontravam no período
gestacional e 15 em até cerca de 12 meses após o parto. Cerca de 68% das
participantes apresentaram predileção ao parto normal, todavia, 60% das entrevistadas
após o parto relataram ter experienciado o cesáreo.
A coleta de
dados foi realizada através de um questionário sociodemográfico e uma
entrevista semi-estruturada dividida por eixos temáticos. Para as que estavam
em período gestacional, os eixos foram: (a) Fatores que motivaram a predileção
pelo tipo de parto e (b) Expectativas sobre o parto com base na modalidade
predileta. Para as entrevistadas pós-parto, foram utilizados os eixos: (a)
Fatores que influenciaram a modalidade do parto e (b) Avaliação da experiência
de parto com base na modalidade escolhida.
Os dados foram
analisados através do IRAMUTEQ, software que realiza análises léxicas através
de um corpus textual. A partir da técnica de Classificação Hierárquica
Descendente (CHD), quatro classes foram geradas através da repartição dos
segmentos textuais.
Classe 1 – Aspectos que desmotivam o parto
normal (19,67%): Os fatores que reforçaram a escolha pela cesárea se deram
a partir de aspectos negativos e desvantagens do parto natural, que normalmente
se associa ao sofrimento excessivo.
Classe 2 – Aspectos que motivam o parto
normal (22,7%): As principais motivações que levam as mulheres a optar pelo
parto normal se dá pela rápida recuperação e a própria naturalidade do
processo, eventualmente menos danoso.
Classe 3 – Fatores importantes para a
escolha (36,3%): Opiniões médicas costumam ser um aspecto preponderante na
escolha da modalidade do parto. Considerações de familiares, embora em menor
número, também exerceram influência nessa escolha.
Classe 4 – Experiência de parto (21,3%):
As vivências alusivas ao momento do parto costumam ser associadas ao medo da
dor. Nessa classe, as dores experienciadas em partos normais foram analisadas
como semelhantes e características dessa modalidade.
Portanto, as
vivências relacionadas a gestação, parto e puerpério são permeadas de diversas
alterações biopsicossociais que influenciam direta e indiretamente nas
representações sobre a gravidez. O estudo em questão se relaciona com a
Psicologia da Saúde ao passo que focou na detecção de fatores e alterações capazes
de pôr em risco a saúde mental da mulher durante e após o parto. Além disso,
forneceu informações que podem servir para orientar o trabalho de psicólogos
responsáveis por acompanhar essas mulheres durante esses períodos para que
possam proporcionar a elas melhor ajustamento psíquico e uma experiência de
maternidade o mais positiva possível.
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