Estresse parental: Revisão sistemática de estudos empíricos
Brito,
A., & Faro, A. (2016). Estresse parental: Revisão sistemática de estudos
empíricos. Psicologia em Pesquisa, 10, 64-75.
Resenhado por Daiane Nunes
O estudo em questão teve como
objetivo descrever as características de investigações empíricas nacionais que
tiveram o estresse parental como objeto de pesquisa. Buscou-se analisar e
categorizar os objetivos, métodos (participantes e instrumentos) e principais
resultados encontrados, a fim de identificar variáveis e contextos relacionados
ao estresse parental.
O estresse parental pode ser
definido como um desequilíbrio desadaptativo que ocorre quando os pais avaliam
que seus recursos não são suficientes para lidar com demandas implicadas em seu
papel parental. O fenômeno está associado a uma série de fatores, incluindo
problemas de comportamento e bem-estar infantil, práticas parentais negativas e
o contexto de pais de filhos com alguma condição clínica que demanda atenção e
cuidados específicos.
A pesquisa bibliográfica foi
realizada nas duas principais bases de dados nacionais e de livre acesso
(PePSIC e SciELO), utilizando a palavra-chave “estresse parental”, em português
e inglês. Realizou-se uma filtragem dos artigos levantados a partir do critério
de inclusão do levantamento: ter como objetivo a relação entre estresse e
parentalidade e o/ou relação pais-filho. Foram excluídos os artigos teóricos,
de revisão, não produzidos no Brasil e que privilegiavam exclusivamente o
estresse do filho. Ao final, foram selecionados 11 artigos publicados entre os
anos de 2006 e 2014 que compuseram a amostra do estudo. Os dados foram
submetidos a dois tipos de análise: (1) tópicos metodológicos: participantes e
instrumentos; (2) descritiva dos principais resultados: dividida em quatro
categorias (diagnóstico do estresse parental; estressores ligados ao estresse
parental; suporte social e estresse parental; e comportamento dos filhos,
dinâmica familiar e estresse parental).
Com relação às análises dos tópicos
metodológicos, cinco estudos (46,0%) foram realizados apenas com amostra de
mães, quatro (36,0%) tinham como participantes mães, pais e cuidadores e dois
(18,0%) envolviam mães, pais, cuidadores e os filhos. O instrumento mais
utilizado (46,0%) foi o Índice de Estresse Parental (PSI) (Parenting Stress
Index – PSI), em sua versão reduzida (PSI-SF).
Outros instrumentos também foram utilizados, incluindo o Inventário de Sintomas
de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) (36,0%) e o Questionário de Estresse para
Pais de Crianças com Transtornos do Desenvolvimento (QE-PTD) (18,0%).
Quanto à análise dos principais
resultados, observou-se que o estresse parental se constituiu como um risco
tanto para os pais/cuidadores como para o bem-estar dos filhos e para a
dinâmica familiar, contribuindo, ainda, para o desenvolvimento da parentalidade
disfuncional. O principal estressor para o contexto parental referiu-se às
características dos filhos e as variáveis sociodemográficas, como escolaridade
dos pais, renda familiar e número de filhos. O suporte social percebido e a
satisfação atuaram como moderadores do estresse, pois auxiliaram no manejo das
adversidades vivenciadas na parentalidade. O estresse parental apareceu, ainda,
associado com problemas de comportamento infantil e como elemento que influenciou
a dinâmica familiar disfuncional.
Por fim, notou-se que os estudos
voltados para o estresse parental a nível nacional tiveram como foco o estresse
de pais/mães de filhos com alguma condição clínica, em especial das mães.
Observou-se também que a ausência de instrumentos validados especificamente
para o Brasil que mensurassem o fenômeno. Sugere-se que novas estratégias de
busca sejam pensadas, para que um cenário mais amplo das produções nacionais
sobre o fenômeno possa emergir.
Nenhum comentário: