Adaptação ao estresse: breve revisão sobre as estratégias de enfrentamento (Coping)
Faro, A. (2017). Adaptação ao estresse: breve revisão sobre as estratégias de
enfrentamento (Coping). In: A. Faro & M. R. M. Araújo. (Org.). Teorias e estudos em psicologia social: A
contemporaneidade em temas clássico (pp. 207-218). São Cristóvão: EDUFS.
Resenhado por Ariana Moura
O estresse, como aporte teórico para
estudo da adaptação dos indivíduos às adversidades, destaca-se entre as
temáticas de investigação da Psicologia da Saúde. Conceitualmente, o estresse pode
ser entendido como um conjunto de reações mentais e corporais que ocorre diante
da percepção que demandas internas ou externas excedem a capacidade adaptativa
do indivíduo, suscitando a ativação de recursos biológicos, sociais e
psicológicos para o retorno ao (ou busca do) estado de bem-estar subjetivo. Tais
recursos são entendidos como estratégias de enfrentamento.O trabalho teve como
objetivo revisar o papel do enfrentamento nos estudos do estresse e no campo da
Psicologia da Saúde.
A fim de diferenciar as estratégias de
enfrentamento de outros recursos adaptativos, quatro aspectos merecem destaque:
primeiro, o enfrentamento é um processo situacional, ou seja, não é um traço
estável da personalidade; segundo, é uma atitude orientada e não um
automatismo, pois o indivíduo se esforça para encontrar o melhor nível de
ajustamento; terceiro, é uma ação afirmativa e não prediz o seu resultado, pois
varia de acordo com o contexto e situação psicológica; e quarto, o manejo da
situação é que caracteriza o enfrentamento, para o qual não necessariamente a
extinção do estressor é esperada, mas o esforço em reduzir o caráter inadaptativo
da situação é o que ressalta a ação
O enfrentamento do estresse é dividido
em duas principais dimensões: o foco no problema e o foco na emoção. O primeiro
se refere aos esforços empreendidos na busca por manejar ou solucionar a
situação eliciadora do estresse, o que envolve, por exemplo, a busca por
informações e a resolução de conflitos. O segundo focaliza na regulação das
emoções derivadas da avaliação do estressor, objetivando administrar a
repercussão afetiva ocasionada pelo estímulo, como por exemplo, evitar
confrontar-se com o estressor, distanciamento afetivo, atenção seletiva, atribuição
de afetos positivos a contextos percebidos como negativos, dentre outros.
Em duas décadas de estudo do estresse foram
documentados doze tipos de enfrentamento, dentre esses, dois ganharam destaque
ultimamente: o enfrentamento religioso, que é entendido como o nível em que a religiosidade
está envolvida no processo de manejo do estresse e o suporte social, entendido
como relações de apoio e/ou suporte percebido pelo indivíduo.
Diante do exposto, entende-se que as
estratégias de enfrentamento exibem significativo lastro de evidências de
impacto sobre o estresse, justificando sua inclusão como um possível mediador
do processo saúde-doença. Assim, considera-se o enfrentamento como um campo
promissor para o seguimento das investigações a respeito do estresse, especialmente em âmbito nacional, pois ainda
é necessário compreender melhor como esse mecanismo adaptativo impacta sobre a
variabilidade do fenômeno, seja isoladamente ou em conjunto com outros recursos
disponíveis.
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