Suicidal ideation, anxiety, and depression in patients with multiple sclerosis/ Ideação suicida, ansiedade e depressão em pacientes com esclerose múltipla


Tauil, C. B., Grippe, T. C., Dias, R. M., Dias-Carneiro, R. P. C., Carneiro, N. M., Aguilar, A. C. R., ... & Giovannelli, E. D. C. (2018). Suicidal ideation, anxiety, and depression in patients with multiple sclerosis. Arquivos de Neuro-psiquiatria76(5), 296-301.doi.org/10.1590/0004-282X20180036

Resenhado por Iracema R. O. Freitas

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica e degenerativa do sistema nervoso central com maior prevalência entre as mulheres, ou seja, para cada três mulheres com EM temos um homem com a doença.  Os sintomas clínicos se manifestam através de fadiga, déficits sensoriais e motores, alterações esfincterianas, neurite óptica, diplopia, sinais cerebelares, alterações na marcha, espasticidade e disfunção cognitiva. Tais sintomas estão relacionados à incapacidade e alterações cognitivas e psicológicas, além dos déficits físicos cumulativos, que comprometem a qualidade de vida dos pacientes, incluindo sua vida social e profissional. Os transtornos de humor e ansiedade foram os distúrbios psiquiátricos mais frequentes nesses pacientes. Estima-se que 25% dos pacientes com EM sofrem de depressão, um dos fatores pode está relacionadas às chamadas terapias modificadoras da doença, onde os efeitos adversos do medicamento modulam o humor. Outros fatores incluem os níveis elevados de fadiga, alto estresse, perda de oportunidade de lazer e a má qualidade de relacionamentos.
Esse estudo teve por objetivo determinar a prevalência e a gravidade de depressão, ansiedade e ideação suicida em pacientes com EM e verificar a relação entre o status funcional, a gravidade da doença, o tratamento atual e o uso de antidepressivos.  A amostra foi composta por 132 pacientes com diagnóstico confirmado, com idades entre 18 e 60 anos, a média foi de 35 anos. Destes, 22% (n = 29) eram homens e 78% (n = 103) eram mulheres. Foram utilizadas a Escala Expandida de Incapacidade (EDSS), Inventário de Depressão – II (BDI- II), Escala de Beck para Ideação Suicida (BSI) e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS; subescala de ansiedade: HADS-A; subescala de depressão: HADS-D). Os dados foram analisados usando o software PRISMTM v.6.
Os resultados apontaram que houve maior taxa de sintomas de ideação suicida e ansiedade em pacientes com mais de dois anos com a doença, se comparado com a população geral. Foi identificado maior prevalência de sintomas depressivos leves em 30,6%, sintomas depressivos moderados em 29,3% e sintomas depressivos graves em 5,3% dos pacientes. Estes achados sugerem que há simultaneidade entre a progressão da doença e os transtornos psiquiátricos. Já a relação entre a alta taxa de depressão e ideação suicida por meio da evolução da doença podem ser efeitos colaterais da doença ou sintomas associados. Para a Psicologia da Saúde o adoecimento pode afetar a qualidade de vida, bem como aumentar o risco de morte por suicídio em indivíduos com EM, servindo de alerta para o problema. Por isso a importância de analisar o vinculo entre os medicamentos de EM e a presença dos distúrbios psiquiátricos, para que haja um acompanhamento psicológico por parte de um profissional habilitado.


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