Características epidemiológicas da mortalidade de pacientes de 0 a 18 anos em um hospital de urgência

Santos, B. R., Alves, A. T. L. S., & Faro, A. (2017). Características epidemiológicas da mortalidade de pacientes de 0 a 18 anos em um hospital de urgência. Journal of Health & Biological Sciences, 6(1), 28-34. doi: http://dx.doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v6i1.1410.p28-34.2018

Resenhado por Lizandra Soares

O perfil da mortalidade do público infanto-juvenil está se modificando a nível epidemiológico nas últimas décadas. A prematuridade, pneumonia e complicações durante o parto são apontadas como as principais causas da mortalidade infantil. No Brasil, o quadro é semelhante, agravado pelo fato de que muitas dessas complicações poderiam ser evitadas, tais como doenças transmissíveis, afecção materna e desnutrição. Entre o público adolescente com faixa etária de 10 a 19 anos, as maiores causas de óbito dizem respeito à condições externas, como acidentes no trânsito. Uma boa fonte de dados sobre a mortalidade é a ficha da Organização de Procura de Órgãos, apesar desta não ser comumente acessada para essa finalidade.
O objetivo da presente pesquisa foi caracterizar a mortalidade infanto-juvenil no Hospital de Urgência em Sergipe (HUSE) entre 2013 e 2014. Foram pesquisadas informações relacionadas aos óbitos no banco de dados da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos da instituição, onde foram extraídos os dados descritivos da amostra (sexo, idade, ano do óbito e causa). Obteve-se como resultado 440 óbitos, sendo que 58,9% (n = 259) eram do sexo masculino. Além disso, constatou-se que as doenças infecciosas eram a principal causa de morte imediata. Os dados foram organizados a partir da faixa etária (entre 0 e 18 anos), sexo (masculino e feminino) e causa da morte. No que se refere a causa da morte, esta foi listada de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10). Observou-se que houve mais óbitos em 2013 (51,8%; n = 228) comparativamente a 2014 (48,2%; n = 212).
No que diz respeito à faixa etária, o maior número de óbitos se concentrou em crianças entre 0 e 3 anos de idade, correspondendo a 50,9% (n = 224) dos dados encontrados. Desses, 44,8% (n = 116) eram do sexo masculino. Com relação a causa básica da morte, observou-se predominância de causas externas (24,0%; n = 97) e doenças do aparelho respiratório (21,7%; n = 88).  As doenças infecciosas foram registradas como a causa imediata mais frequente de óbito na população pesquisada, seguida de causas externas, neoplasias e doenças do aparelho respiratório.
          Como limitações do estudo, os autores apontaram a falta de dados sobre procedimentos invasivos e tempo de permanência no hospital, o que dificultou a compreensão mais detalhada a respeito da infecção ser a causa imediata mais frequente de óbito. Outro ponto é a necessidade de aperfeiçoamento do registro e gestão do sistema de mortalidade. Por fim, detectou-se que a infecção foi a causa mais frequente de morte de indivíduos entre 0 a 18 anos assistidos pelo HUSE no período de 2013 e 2014. Pesquisas como essa são importantes por possibilitar o entendimento do obituário do público infanto-juvenil no estado de Sergipe, o que permite a reflexão a respeito das principais causas e de formas de atuação da psicologia da saúde nesse cenário. 

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