Enfrentamento, locus de controle e preconceito: um estudo com pessoas de orientação sexual homoafetiva
Faro, A., &
Fernandes, S. C. S. (2009). Enfrentamento,
locus de controle e preconceito: um estudo com pessoas de orientação sexual
homoafetiva. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 15, n. 3, p. 101-119.
Resenhado
por Maísa Carvalho
Sabe-se
que indivíduos de orientação homoafetiva cotidianamente são alvos de
preconceito sexual e, em consequência, podem desenvolver altos níveis de
estresse ocasionados por respostas mal administradas. Conceitualmente,
estratégias de enfrentamento são entendidas como ações,
comportamentos e/ou pensamentos que são utilizados para lidar com um conjunto
de estressores. Essas estratégias se dividem principalmente em foco no
problema, que enfatiza a demanda causadora, e foco na emoção, que direciona a
resposta emocional. Além destas, destaca-se também a relevância da
religiosidade e do suporte social como outros tipos de enfrentamento.
A
forma como o indivíduo percebe e vivencia o estresse costuma ser determinante
para a escolha do modo de enfrentamento, a qual pode ser explicada através da
teoria do locus de controle. Em sua
definição, locus de controle são
crenças a respeito dos resultados das ações, que podem ser atribuídas a si
mesmo (locus interno) ou a eventos
que estão fora do nosso controle (locus
externo).
Mediante
o exposto, os autores do estudo buscaram identificar as estratégias de
enfrentamento utilizadas por pessoas de orientação sexual homoafetiva, verificar
a adesão ao locus de controle
utilizado e analisar a relação entre ambos os processos. A amostra foi composta
por 31 participantes que se declararam homossexuais, bissexuais ou
transgêneros, os quais participavam de um evento a respeito do preconceito
sexual na cidade de Aracaju/SE. Os instrumentos utilizados foram a Escala de
Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP) e uma escala de Locus de Controle.
Os
resultados apontaram que os participantes utilizam o foco no problema (M = 3,56; DP = 0,68) e o suporte social (M
= 3,54; DP = 0,71) como os principais
modos de enfrentamento. No que se refere à atribuição de causalidade, a adesão
ao locus de controle interno (M = 4,26; DP = 0,47) foi preponderante entre a amostra coletada. A correlação
parcial entre as variáveis atrelou o locus
interno ao foco no problema (r =
0,568; p < 0,01) e ao suporte
social (r = 0,501; p < 0,05), e o locus externo ao foco na emoção (r = 0,544; p < 0,01) e
ao foco na religiosidade (r = 0,434; p < 0,05).
Com
base nos resultados apresentados, o estudo identificou que as duas estratégias
de enfrentamento utilizadas pelos participantes – foco no problema e suporte
social – indicam que, ao encararem situações de preconceito, esses sujeitos
favorecem a análise dos fatores estressores, bem como atribuem a si a
responsabilidade por seus comportamentos e reações em geral.
Ao
compreender a relação entre os construtos apresentados, torna-se relevante a
produção de mais estudos neste e em diferentes grupos sociais concentrados na
área da Psicologia da Saúde, com o fito de fomentar o interesse de políticas
públicas em promover projetos de amparo e/ou aconselhamento psicológico em
públicos vulneráveis.
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