Escala de Autoeficácia para a Atividade com Sentido: Encontrando sentido no envelhecimento ativo


Oliveira, A., Lima, M. P., & Portugal, P. (2016). Escala de Autoeficácia para a Atividade com Sentido: Encontrando sentido no envelhecimento ativo. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social: RPICS2(1), 3-13.

Resenhado por Daiane Nunes

            As atividades ocupacionais consideradas significativas são aquelas desempenhadas ao longo do tempo, às quais se atribui sentido que preservam a participação ativa. Esse sentido é expresso como uma dimensão de valor por parte do indivíduo que percebe sua ocupação como importante e significativa. Em idades avançadas, as atividades ocupacionais são mantidas de acordo com a valoração e o sentido atribuído a elas, sobretudo numa etapa da vida em que se pode assistir a uma ausência de papéis definidos ou funções com estatuto social mais reduzido. As fontes de sentido implicadas às atividades ocupacionais nos idosos são compreendidas em termos de identidade e desenvolvimento pessoal, utilidade, controle e competência percebidos, além de propósito e envolvimento com a vida. Essas fontes de sentindo são responsáveis por mediar crenças de autoeficácia na população idosa, consideradas elementos fundamentais para o envelhecimento ativo.
            Partindo dessa ideia, os autores desenvolveram a Escala de Autoeficácia para a Atividade com Sentido (EAASentido). Inicialmente foram realizadas entrevistas de grupo focal com 23 idosos, tendo como objetivo identificar os comportamentos específicos dos participantes nas seguintes dimensões: (1) Atividades instrumentais (sentido instrumental); (2) Atividades profissionais/ocupacionais (sentido ocupacional); (3) Atividades de participação social (sentido de participação); (4) Atividades de desenvolvimento pessoal e de lazer (sentido identitário); (5) Atividades espirituais/religiosas (sentido existencial). Os 20 itens gerados a partir desse processo foram submetidos a um pré-teste com os mesmos participantes dos grupos focais. Após os ajustes necessários, a escala foi aplicada em 503 idosos europeus, com idade média de 71,66 anos (DP = 7,77; Mínimo = 51 anos e Máximo = 96 anos), sendo a maioria do sexo feminino (63,0%; n = 317). Os instrumentos utilizados incluíram a EAASentido, a Escala de Autoestima de Rosenberg, a Escala Atividades Instrumentais da Vida Diária, a Positive Affect and Negative Affect Scale, a Satisfaction With Life Scale, o Meaning in Life Questionnaire e a Escala de Autoeficácia para a Autodireção em Saúde.
Os resultados demonstraram bons indicadores de validade e de consistência interna (α = 0,94). A análise de componentes principais apontou a existência de três dimensões e não as cinco inicialmente previstas: atividades de desenvolvimento pessoal e participação social, atividades instrumentais, e atividades espirituais/religiosas. Após análise das saturações dos itens, os autores propuseram a reformulação da escala, eliminando cinco itens. A consistência interna global dos 15 itens manteve-se elevada (α = 0,92). Os resultados da validade de construto e discriminante demonstraram correlações significativas com todos os instrumentos utilizados. Foram evidenciadas correlações negativas com as variáveis afetividade negativa e idade, apontando que quanto mais o idoso se sente capaz de se engajar em diferentes atividades, maior a sua percepção de autoestima, de afeto positivo, de satisfação com a vida, de presença de sentido na vida e de autoeficácia para a saúde.
Por fim, evidenciou-se robustez e adequação psicométrica da EAASentido, recomendando seu uso para avaliar em que medida os idosos têm confiança na sua capacidade para se envolverem em atividades com sentido. Contudo, no que concerne à dimensionalidade da medida, sugeriu-se mais estudos que testem a reconfiguração proposta, nomeadamente através de análises fatoriais mais robustas.

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