Estresse e estratégias de enfrentamento em pacientes que serão submetidos à cirurgia de colecistectomia
Santos,
A. F., Santos, L. D. A., Melo, D. O., & Alves Júnior, A. (2006). Estresse e
estratégias de enfrentamento em pacientes que serão submetidos à cirurgia de
colecistectomia. Interação em Psicologia, 10(1). doi:10.5380/psi.v10i1.5772.
Resenhado por Danielle Alves
O artigo
tem como objetivo mapear e comparar as estratégias de enfrentamento de dois
grupos: pacientes no pré-operatório da cirurgia de colecistectomia (n = 15) e aqueles submetidos ao
tratamento clínico de gastrite (n =
10). Foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de
Lipp e o Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus.
Entendeu-se
que o momento da cirurgia é potencialmente estressor, demandando adaptação dos
pacientes frente aos desafios impostos. O conhecimento da dinâmica que envolve
o ajustamento contribuiria para melhor planejamento do pós-operatório, tendo em
vista que seria possível rastrear e promover a redução de níves consideráveis
de ansiedade e depressão, fatores psicológicos que interferem negativamente no
prognóstico. Em especial, a colecistectomia, que consiste na remoção cirúrgica
da vesícula biliar, e é uma das cirurgias mais freqüentes nos Brasil,
justificando a necessidade de maior atenção à maneira pela qual esses pacientes
promovem ajustamento psicológico.
Os
resultados mostraram que a maioria dos pacientes apresentaram estresse na fase
de resistência, incindindo massivamente em mulheres. Nessa fase há
predominância de sintomas físicos como problemas de memória, mal-estar
generalizado, desgaste físico e cansaço constante. Essas reações impactam não
só psicologicamente como fisicamente, pois o excesso de cortisol gerado
interfere na resposta inflamatória e imunológica, e o aumento da pressão
arterial pode vir a comprometer o procedimento cirúrgico.
A maioria
dos participantes se encontrou em fase de evolução do estresse, sugerindo que a
doença em si, enquanto situação estressora, já predispõe a fatores de risco
para o pós-operatório. Já no grupo de pacientes com tratamento clínico de
gastrite, não foram encontrados níveis de estresse considerados prejudiciais. O
fato revelou que a atuação do psicólogo deve se concentrar em pacientes
cirúrgicos, pois seria possível maior contribuição para recuperação dos pacientes.
Em termos
de estratégia de enfrentamento, a fuga-esquiva foi característica de pacientes
cirúrgicos. Essa estratégia se encontra no leque de alternativas focadas na
emoção, indicando que esse tipo de paciente percebe a situação estressora de
forma rígida, como não passível de mudanças.
A
avaliação de recursos internos e externos mostrou que esses pacientes não
tiveram recursos internos suficientes para considerar a cirurgia como um evento
estressor de menor potencial, e que recursos externos parecem não ter favorecido
a atenuação das conseqüências da situação estressante. Sugeriu-se intervenção
com vídeos educativos como suporte externo, a qual possui evidências
científicas na redução da ansiedade antes da cirurgia.
Por fim,
entendeu-se que maior conhecimento acerca da dinâmica que estabelece o ajustamento
desses pacientes permite melhor rapport
com a equipe e eleva a qualidade de vida do paciente, favorecendo o
reestabelecimento da saúde. A psicologia da saúde, portanto, é promissora e
agrega potencial contribuição aos estudos que esclarecerão as diferentes formas
de ajustamento, elevando as possibilidades de intervenção eficaz nesses casos.
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