Ambiência domiciliar para a realização da diálise peritoneal

Abud, A. C. F., Zanetti, M. L., Inagaki, A. D. M., Santos, A. F., Lima, R. S., & Moura, R. P. (2017). Ambiência domiciliar para a realização da diálise peritoneal. Revista Enfermagem UERJ, 25: e15210. doi: 10.12957/reuerj.2017.1521.

Resenhado por Brenda Fernanda

A doença renal crônica (DRC) diz respeito ao comprometimento da função renal e se constitui, atualmente, como problema mundial de saúde pública. Ao chegar em seu estágio final, denominado insuficiência renal crônica (IRC), existe a possibilidade de o paciente ser submetido a um programa de terapia renal substitutiva (TRS), seja hemodiálise (HD), diálise peritoneal (DP) ou transplante renal. Considera-se a DP um método substitutivo eficiente para a retirada de líquido e de produtos de degradação urêmica do corpo.
 A DP apresenta-se como uma modalidade de tratamento com resultados similares ao da HD e possui várias vantagens, entre elas, a melhoria da qualidade de vida do paciente e a possibilidade de fazer o tratamento em casa. No entanto, existem problemas como peritonite (infecção do peritônio), ultrafiltração inadequada e deficiência na eliminação de solutos urêmicos. Ademais, fatores sociais podem constituir indicação para a mudança do procedimento de DP para HD. Assim, o objetivo do referido estudo foi avaliar a estrutura física do domicílio de pacientes em diálise peritoneal.
O estudo apresentou delineamento quantitativo transversal, sendo realizado com todos os pacientes adultos em diálise peritoneal assistidos em uma clínica conveniada com o SUS no Estado de Sergipe. Para obtenção dos dados, inicialmente foi realizada análise dos prontuários e, a partir daí, foram selecionados 90 pacientes que se encontravam em DP há pelo menos 6 meses, com idade igual ou superior a 18 anos. Depois de selecionados os pacientes, os pesquisadores entraram em contato por telefone para agendar a visita. O agendamento foi realizado com 24 horas de antecedência, para que não houvesse tempo hábil para mudanças no ambiente domiciliar.
Utilizou-se questionário semiestruturado com as variáveis relacionadas à estrutura física do domicilio e sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade e renda). O tempo médio de entrevista e observação atingiu 40 minutos. A observação favoreceu a coleta de dados relativos à realização do procedimento de diálise. Observaram-se paredes, piso do local onde era realizada a troca de solução, pia para higienização das mãos, rede de água e esgotamento sanitário, acondicionamento do material e local utilizado para desprezar o dialisato efluente. Para a análise, utilizou-se o componente estrutura da avaliação de cuidados em saúde.
Como resultado, observou-se que o ambiente mais utilizado para a realização da DP, no domicílio, era o quarto, com maioria apresentando paredes íntegras, revestimento no teto, piso íntegro, presença de pia e utilização de água tratada para a higienização das mãos, bem como rede de esgotamento sanitário. Os materiais para DP eram armazenados em local e forma adequados. Contudo, em alguns casos, foram encontradas rachaduras, infiltrações e utilização de água de poço artesiano, além do armazenamento inadequado do material e descarte do dialisato efluente de forma incorreta, expondo os pacientes a riscos que podem agravar o seu estado de saúde.

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