A essência da Abordagem Centrada na Pessoa
Lux M.,
Motschnig-Pitrik R., Cornelius-White J. (2013) The essence of the
Person-Centered Approach. In: Cornelius-White J., Motschnig-Pitrik R., Lux M.
(Eds) Interdisciplinary Handbook of the Person-Centered Approach. Springer,
New York. doi: 10.1007/978-1-4614-7141-7_2
Resenhado
por Luanna Silva
A
Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) foi fundada por Carl Ransom Rogers,
psicólogo norte-americano, cofundador da Psicologia Humanista. Contrária aos
paradigmas comportamentais e psicanalíticos predominantes da época, um dos
pressupostos centrais da ACP é que cada indivíduo tem em si mesmo o necessário
para se entender e mudar autoconceitos, assim quando um contexto de atitudes
psicológicas facilitadoras é fornecido, esses recursos internos são ativados. Para
Rogers, todo ser busca tanto sua manutenção quanto seu aprimoramento. Em circunstâncias
ideais, essa tendência motivacional guia o organismo para um desenvolvimento
construtivo de seus potenciais inerentes. No entanto, em condições menos
favoráveis, pode acontecer um distanciamento da tendência de atualização, o que
resultaria no surgimento de transtornos mentais e de outras formas de
desajustes.
A saúde mental é atingida quando é garantido o
melhor acesso possível aos recursos psíquicos, é a abertura de consciência para
a totalidade das experiências. Isso significa aceitar o que está presente agora,
sem evitar qualquer experiência, seja ela agradável ou não. A tendência de
atualização orienta essa aceitação em direção à pessoa em pleno funcionamento.
Esse estado é marcado pela percepção dos processos dentro e fora do organismo,
como consequência se alcança a criatividade, uma vida emocional rica e
confiança na utilidade da intuição na tomada de decisões.
Para
que o cliente prossiga na direção do funcionamento pleno é necessário criar um clima
interpessoal, caracterizado pela empatia, congruência e consideração positiva
incondicional. Uma vez que a realidade subjetiva é compreendida como crucial
para a forma como o indivíduo se orienta no mundo, a empatia é considerada a
melhor forma de compreender uma pessoa, e implica ressoar emocionalmente com o
outro, sem se perder nas vivências dele. A congruência é descrita como a
capacidade de se abrir e aceitar completamente a experiência vinda da outra
pessoa, integrando as suas próprias vivências para uma compreensão empática. A
consideração positiva incondicional se refere a uma aceitação livre de
julgamentos e demandas. Assim, o terapeuta é capaz de sentir compaixão,
carinho, cordialidade ou amor pelo outro. A partir desse tipo de contato, o
cliente sente segurança, o que facilita sua disposição para a auto exploração,
permitindo abertura para viver experiências. Esse relacionamento entre cliente
e terapeuta deve ser construído sem estruturas hierárquicas rígidas. O
terapeuta não deve indicar a forma de lidar com os problemas, mas estabelecer
as condições em que o cliente poderá encontrar o caminho a partir de sua autodeterminação.
Dentro
do contexto da Psicologia da Saúde, as técnicas usadas na ACP podem, dentre
outras coisas, ser úteis para auxiliar o paciente na adaptação ao adoecimento,
tendo em vista que essa abordagem valoriza a vivência no aqui e agora e
aceitação das experiências positivas e negativas. Desse modo, essa pode ser uma
relevante perspectiva para o desenvolvimento de práticas na área.
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