Estresse parental: Revisão sistemática de estudos empíricos

  

de Brito, A., & Faro, A. (2016). Estresse parental: Revisão sistemática de estudos empíricos. Revista Psicologia em Pesquisa10(1). https://doi.org/10.24879/201600100010048

 

Resenhado por Daiane Nunes

 

            O estresse parental é definido como um desequilíbrio adaptativo que ocorre quando os pais avaliam que seus recursos são insuficientes para lidar com as exigências e demandas de seu compromisso com o papel parental. Tal fenômeno tem sido associado a problemas de comportamento e bem-estar infantil, às práticas educativas parentais negativas e ao contexto de pais com filhos com alguma condição clínica. Considerando a importância dos estudos de revisão sistemática para obtenção de um panorama acerca de determinada temática, o presente estudo objetivou descrever as características de estudos empíricos nacionais que tiveram como foco o estresse decorrente da parentalidade e/ou da relação pais-filhos.

            A busca foi realizada utilizando os descritores “estresse parental”, “estresse e família”, “estresse e pais”, “estresse e mães” nas bases de dados PePSIC e SciELO. O levantamento reuniu 43 estudos, tendo restado 11 artigos após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão que respondiam aos objetivos da pesquisa. Os dados foram analisados considerando (1) tópicos metodológicos e (2) principais resultados. Os principais achados foram agrupados em quatro categorias, a saber: (a) diagnóstico do estresse parental; (b) estressores ligados ao estresse parental; (c) suporte social como moderador do estresse parental; e (d) comportamento dos filhos, dinâmica familiar e estresse parental.

            Viu-se que quase metade dos estudos (46,0%) foi realizada apenas com mães e mesmo aqueles com amostras de ambos os sexos eram compostos principalmente por mães. Isso implica dizer que grande parte do conhecimento que se tem atualmente sobre a temática parece estar associada ao estresse materno. Tal fato reforça que as mães permanecem exercendo o papel principal de cuidador, ainda que o panorama atual de pesquisas sobre família venha evidenciando a importância da paternidade para o desenvolvimento infantil e o funcionamento familiar.

            Na categoria Diagnóstico do estresse parental, verificou-se que os maiores índices de estresse foram visualizados em pais de filhos com alguma condição clínica e/ou desenvolvimento atípico. Viu-se, ainda, que o estresse parental se constitui em um risco tanto para os pais/mães, quanto para o desenvolvimento e bem-estar da criança, e a dinâmica familiar, facilitando o desenvolvimento da parentalidade disfuncional. Os principais Estressores ligados ao estresse parental foram as práticas educativas parentais, as características dos pais e dos filhos, fatores sociodemográficos como renda, trabalho, escolaridade e número de filhos. 

            O suporte social consiste em todo apoio emocional, prático e/ou material tais como, afeto, assistência e auxílio material, fornecido pela família, amigos ou pessoas próximas, gerando a sensação de cuidado e segurança no indivíduo, resultando em melhorias na saúde. Os achados dos estudos primários apontaram que quanto maior o suporte social e a satisfação com o suporte percebido, menor o estresse parental. Assim, a percepção do suporte social atua como moderador do estresse, pois funciona como um amortecedor dos impactos produzidos pelas demandas relacionadas ao papel parental.

            Por fim, viu-se que programas que visam diminuir problemas emocionais de pais/mães e capacitá-los para lidar com os problemas comportamentais dos filhos, podem influir positivamente na redução do estresse parental, na dinâmica familiar disfuncional e qualidade de vida parental.  



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