Barreiras socioculturais relacionadas ao exame preventivo do câncer de próstata

     Postado por Giulia

 

            O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é comemorado no dia 17 de novembro. Nesse mesmo mês também ocorre a campanha “Novembro Azul”, que objetiva estimular uma mudança de paradigma nos cuidados de saúde da população masculina. Um dos principais focos da campanha é sensibilizar a população masculina acerca do câncer de próstata e a importância de um diagnóstico precoce para o seu tratamento, possibilitando que as chances de cura sejam em torno de 90%.                              Sabe-se que o exame do toque retal (ETR) é imprescindível para investigação de tumores referentes ao câncer de próstata, sendo fundamental para formular o diagnóstico da doença. Esse exame permite a detecção de nódulos ou tecidos endurecidos na região prostática, e além de ser o mais eficaz, também é realizado de forma rápida, podendo levar menos de 10 segundos. Entretanto, o imaginário masculino acerca dessa prática de saúde é repleto de crenças estereotipadas e temores que podem constituir obstáculos na aderência ao serviço.

             Em um estudo acerca das crenças de homens sobre o ETR, Turri e Faro (2018) encontraram que o termo mais frequentemente citado pelos participantes foi “constrangedor”, demonstrando que a vergonha associada aos procedimentos do exame é a principal barreira para sua realização, mesmo entre os que reconhecem a gravidade de não realizá-lo. O medo da descoberta da doença ou do exame em si também foram constatados como barreiras para a realização do ETR, o qual foi visto, ainda, como “invasivo” e “horrível”. Além disso, o preconceito foi identificado como um elemento caracterizador do exame no imaginário dos homens, atuando como uma barreira social que reflete nos cuidados de saúde e, consequentemente, na adesão ao ETR.

            No estudo conduzido por Olivieri (2016) acerca do mesmo tema, os estereótipos culturais de masculinidade são citados como principais obstáculos, visto que a fraqueza e fragilidade vinculados à noção de doença são geralmente atribuídos às mulheres, o que leva os homens a negligenciar suas necessidades de cuidado em saúde. Outra barreira relatada nesse estudo foi a percepção do ETR como um procedimento que viola a heterossexualidade masculina devido ao manuseio de suas partes íntimas.

            Conclui-se, por fim, que apesar dos esforços da campanha do “Novembro Azul” para promover mudanças nos comportamentos preventivos dos homens, esse grupo ainda é permeado por uma série de estereótipos e temores que os levam, muitas vezes, a menosprezar suas práticas de saúde. Portanto, é necessário desmistificar as concepções masculinas acerca do autocuidado e do processo de adoecimento.

Fontes:

Turri, G. S. S. de, & Faro, A. (2018). Crenças em saúde acerca do exame do toque retal. Arquivos Brasileiros de Psicologia70(2), 49-64. Recuperado em 04 de novembro de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672018000200005&lng=pt&tlng=pt.

Olivieri, M. (2016). Representações sociais de homens sobre o exame preventivo do câncer de próstata. (Dissertação de mestrado). Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba. Recuperado de https://tede2.pucsp.br/handle/handle/18887

                                                

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