Traços de personalidade de pessoas portadoras de hipertensão arterial crônica e doenças associadas

 

Leopaci, J. A., Santos, I. F., Honorato, N. P., & Coqueiro, D. P. (2016).  Traços de personalidade de pessoas portadoras de hipertensão arterial crônica e doenças associadas. Mudanças – Psicologia da Saúde, 24(1), 19-25. https://doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v24n1p19-25

 

Resenhado por Kelyane Sousa

 

A hipertensão é considerada a mais frequente entre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e o principal fator de risco para complicações cardiovasculares e doença renal crônica terminal. As principais condições clínicas associadas são a diabetes mellitus (DM), a doença renal crônica, a síndrome metabólica, obesidade, acidente vascular encefálico e doença arterial coronariana.

A doença hipertensiva demanda controle rigoroso e acompanhamento permanente para evitar complicações. Seu tratamento pode ser não medicamentoso, mas sim focado nas mudanças de hábitos de vida. Tais mudanças, que podem ser intensas, impactam na rotina, nos costumes e também nos aspectos emocionais dos indivíduos. Alguns estudos apontam a relação entre estes e a hipertensão, indicando que pacientes hipertensos são mais ansiosos, bloqueados emocionalmente, estressados e apresentam mais traços de raiva e depressão.

Esta pesquisa, realizada com 33 pessoas, com idade média de 61 anos, teve como objetivo compreender a relação entre os traços de personalidade e as características sociodemográficas e clínicas de pessoas portadoras de hipertensão e doenças associadas. Para isso, foram utilizados dois instrumentos: um questionário de caracterização, que continha informações acerca de dados sobre o tratamento e sociodemográfico, e o Inventário de Temperamento e Caráter de Cloninger, composto por itens que permitem o diagnóstico diferencial entre subtipos de personalidade, baseado na abordagem psicobiológica da personalidade.

Os resultados encontrados indicaram que os indivíduos portadores de DM associada à hipertensão foram avaliados como menos tímidos, tenderam a não antecipar os problemas e não inibir comportamentos frente à punição. Foram também mais tolerantes e empáticos. Foram pessoas menos impulsivas e pessimistas, mais sociáveis, cooperativas e tolerantes quando comparadas a indivíduos que possuiam apenas diagnóstico de hipertensão. Dessa forma, foi possível inferir que essas pessoas, por serem menos impulsivas e pessimistas, são pacientes mais propensos a terem menos medo de um novo tratamento ou de uma mudança de rotina/hábitos. Ainda, demonstraram menos ansiedade e não cessam comportamentos frente à punição (ou fracasso), aspecto este benéfico a um tratamento de doença crônica, que exige cuidados a longo prazo.

Tais dados contribuem para o fomento do estudo da relação entre traços de personalidade e adoecimento. Dessa forma, contribuem para a psicologia da saúde como ampliação de formas de conhecimento e cuidados no enfrentamento do indivíduo diante da necessidade de ajustamento ao ser acometido por uma doença crônica a exemplo da hipertensão e até mesmo a diabetes mellitus.

                                    

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