Associação entre exposição a material particulado e depressão: Efeitos mediadores da luz solar, atividade física e reciprocidade na vizinhança

 

Wang, R., Liu, Y., Xue, D., Yao, Y., Liu, P., & Helbich, M. (2019). Cross-sectional associations between long-term exposure to particulate matter and depression in China: The mediating effects of sunlight, physical activity, and neighborly reciprocity. Journal of Affective Disorders249, 8-14.

 

Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva.

            O transtorno depressivo é um sério problema de saúde em países em desenvolvimento, como o Brasil e China. Esse transtorno é um dos que mais causam incapacidade, não apenas com a diminuição na qualidade de vida, mas também com o aumento do risco de doenças físicas crônicas. Alguns estudos têm mostrado que ambientes residenciais podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Dentre alguns fatores de risco está a poluição do ar, que tem recebido atenção considerável desde o início do século XXI. Uma revisão de literatura demonstrou que o contato de longo prazo com ambientes poluídos podem aumentar o risco de transtornos mentais. Desse modo, o estudo teve como hipótese que a concentração de materiais particulados – partículas cujo diâmetro é de 2,5 μm ou menor – (PM2,5) no ar influenciaria no risco de depressão, visto que essas partículas podem causar estresse oxidativo ou inflamação induzida por fatores ambientais, que estão implicadas na patogênese da depressão.

            O estudo foi derivado dos dados da China Labor-force Dynamics Survey (CLDS) em 2016, com uma amostra estratificada probabilística de 20861 indivíduos. Os sintomas depressivos foram mensurados pela escala Center for Epidemiology Studies-Depression scale (CES-D). A concentração de PM2,5 foi extraída do Índice de material particulado e qualidade do ar de 2016. Os autores examinaram se atividade física, reciprocidade na vizinhança e exposição à luz solar mediavam a relação entre o nível de PM2,5 e depressão.

            Evidenciou-se que habitantes de áreas mais poluídas tinham significativamente menores níveis de atividade física. Houve associação negativa entre a reciprocidade na vizinhança e a concentração de PM2,5. Também foi encontrado uma relação negativa entre a concentração de PM2,5 e o tempo de atividade física realizada fora de casa. Vale ressaltar que este achado confirma outros acerca da disposição de se exercitar em ambientes exteriores e diminuir os efeitos em saúde de realizar tal comportamento. Foi encontrada uma forte associação entre o nível de material particulado e o escore da CES-D. Também notaram associação negativa entre intensidade da atividade física, percepção de luz solar e reciprocidade na vizinhança com os escores da escala de depressão. Um dos principais achados do estudo foi que o nível de poluição do ar esteve significativamente relacionado à depressão. Em suma, o estudo demonstrou uma associação entre ambientes com maior nível de material particulado e sintomatologia depressiva.

            A Psicologia da Saúde, ao levar em consideração o aspecto biopsicossocial do indíviduo, leva em conta a análise do ambiente como forma de avaliar os fatores protetivos e de risco relacionados ao desenvolvimento de doenças. Desse modo, além de analisar fatores genéticos como histórico familiar de transtornos psicológicos e fatores comportamentais, o psicólogo da saúde também precisa investigar fatores relacionados à poluição do ambiente. Essa investigação é necessária porque além de fornecer um quadro mais amplo acerca dos fatores relacionados à doença, pode ajudar o profissional de saúde a traçar intervenções terapêuticas que são mais adequadas conforme o caso.

                                     

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