Crenças em saúde acerca do exame do toque retal
Turri, G. S. D. S.,
& Faro, A. (2018). Crenças em saúde acerca do exame do toque retal. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 70(2), 49-64.
Resenhado por
Franciely Santos
Os homens têm uma expectativa
de vida menor que as mulheres, segundo dados do Ministério da Saúde, e como
principal motivo tem-se a busca tardia por atendimento médico. Desse modo,
visando melhorias na saúde desse público, com a aplicação de políticas
específicas, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem (PNAISH). O câncer de próstata é uma das principais causas de morte entre
homens, e como uma das medidas preventivas eficazes tem o Exame de Toque Retal
(ETR). No entanto, possui baixa procura por se tratar de um exame com contato
na região anal do homem, por isso há uma série de preconceitos. A questão da
masculinidade influencia a não adesão por colocar o homem como forte e, por
isso, não adoece. Assim, é importante entender quais as crenças que levam os
homens a adotarem ou não comportamentos de saúde.
O estudo foi composto por uma amostra de 174 homens,
com idade entre 45 e 68 anos. A mostra foi dividida em dois grupos: G1,
composto por homens que já realizaram o ETR; e G2, composto por homens que
nunca fizeram o ETR. A coleta foi feita em seis bairros do município de
Aracaju, e foi utilizado um questionário com questões sociodemográficas e
clínicas, além da técnica de evocação livre a partir do termo indutor “exame do
toque retal”. Para análise dos dados, usou-se os programa SPSS e o OpenEvoc.
Os resultados encontrados nos dois grupo foi
comparados e discutidos. As crenças que se mostraram mais comuns estão
associadas aos termos “constrangimento”, “invasivo” e “horrível”, dentre o G1,
ressaltando os fatores negativos que são associados ao exame. Já para o G2,
palavras como “necessário” e “prevenção” tiveram destaque, o que leva a
concluir que para esse grupo o exame possui aspectos positivos que se
sobressaem. Os dois grupos evocaram a palavra “preconceito” que reforça dados
encontrados na literatura, nos quais o preconceito em relação ao ETR está
fortemente embasado no modelo de masculinidade.
O grupo composto por homens que já realizaram o ETR
apresentou mais crenças negativas, que pode estar relacionado a uma experiência
desconfortante e reforçadora desse pensamento, além da falta de qualidade no
atendimento e acolhimento desse público. Apesar disso, o grupo entende a
importância da realização do exame como medida de prevenção do câncer e para o
diagnóstico precoce, mostrando que a gravidade e suscetibilidade percebida em
relação a doença relacionam-se aos benefícios que o ETR traz. Também foi visto
que o grupo 2, é composto por homens mais jovens, e apesar das características
positivas mencionadas, não se veem como suscetíveis ao adoecimento, por isso
adiam a realização do exame. Vale ressaltar os motivos para realizar o ETR e
outros exames como a idade avançada, prevenção, o medo da doença, pressão
familiar e indicação médica.
Com isso, é visível que o público masculino possui
crenças negativas a respeito do ETR, que leva a baixa adesão do exame como
medida protetiva. Assim, a Psicologia da Saúde, deve intensificar os estudos
das crenças que influenciam os comportamentos desses indivíduos, bem como os
fatores psicossociais, podendo, dessa forma, direcionar intervenções e
políticas públicas mais eficientes.
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