Ansiedade, sexo, nível socioeconômico e ordem de nascimento.
Rosa,
J. L. (1998). Ansiedade, sexo, nível sócio-econômico e ordem de nascimento. Psicol. Reflex. Crit. ( Vol. 11 ). Rio
Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica.
O tema ansiedade permite
associações com diversas variáveis, desde o uso de drogas (Siegel &
Ehrlich, 1989) à primeira relação sexual (Sprecher, Barbee, & Schwartz,
1995). De acordo com Spielberger (1972) pode-se classificar ansiedade como um
estado (transitório) ou um traço (mais ou menos estável) de personalidade.
Existem alguns estudos no que
concerne a relação entre ansiedade e a variável sexo. Numa pesquisa
transcultural (chilenos e norte-americanos) realizada por Guida e Ludlow (1989),
teve como resultado uma maior pontuação das mulheres no nível de ansiedade,
quando comparadas com homens num mesmo estrato social. O sexo feminino, também
se sobressaiu num estudo realizado por Silverman et al. (1995), com crianças (entre
7 e 12 anos) brancas, hispânicas e norte-americanas-africanas e que cursavam da
segunda à sexta séries em escola pública de uma região metropolitana, com
exceção das crianças de raça negra que não apresentaram distinção entre o sexo.
No estudo realizado por Inderbitzen e Hope (1995), também ratificou o elevado
índice das mulheres quando comparados aos homens, com a diferença que a
pesquisa foi realizada com adolescentes da décima série.
Outra variável muito
relacionada com a ansiedade é o nível socioeconômico. O estudo de Asthana
(1993),foi realizado com meninas e relacionou criatividade, ansiedade e o nível
socioeconômico. Este estudo percebeu que somente meninas com alta criatividade
eram influenciadas de forma inversamente proporcional pelo NSE (nível
socioeconômico). A pesquisa transcultural entre Guida e Ludlow (1989) também
ratificou a relação inversamente proporcional entre NSE e o nível de ansiedade.
No estudo longitudinal com 593 adultos, de Murphy, Olivier, Monson e Sobol
(1991) também confirmou este tipo de relação.
Na relação ansiedade e ordem de
nascimento num estudo realizado com 404 crianças (7 á 12) por Gates,
Lineberger, Crockett e Hubbard (1988),os primogênitos apresentaram um menor
nível do traço de ansiedade em relação aos terceiros, porém maior em relação
aos segundos. Já na pesquisa de Touliatos e Lindholm (1980), com 2991 crianças
do jardim de infância à oitava série, não se verificou qualquer efeito
significativo na relação entre estas variáveis.
Os instrumentos utilizados foram
o um questionário de variáveis demográficas, o Inventário de Ansiedade Traço Estado
(IDATE; ver Biaggio, Natalício & Spiel-berger, 1977), editado pelo Centro
Editor de Psicologia Aplicada (CEPA) e mais dois instrumentos de avaliação de
personalidade. As aplicações foram realizadas numa sala, com grupos de 10 a 40
alunos.
Foram realizadas análises
estatísticas do pacote SPSS (anova, oneway e o teste de Scheffe) com os dados. A
partir disto foi possível verificar, de acordo com os resultados obtidos pelas
análises, que as mulheres apresentaram escores significativamente mais altos
que os homens em ansiedade-estado e em traço de ansiedade, corroborando com o
afirmado pela literatura. Esses resultados podem ser justificados pelo maior
nível de expectativas éticas, maiores pressões socioeconômica sobre as mulheres,,
pela genética e e até pela história.
Em relação a variável NSE, os sujeitos
de NSE baixo obtiveram pontuação mais alta em estado de ansiedade e em traço de
ansiedade, quando comparados com os de NSE médio-alto, corroborando também com
a literatura. As justificativas podem ser devido às condições e duração da
jornada trabalho em conjunto com os estudos.
Na interação ordem de nascimento,
NSE e ansiedade pode-se perceber que não há uma relação direta entre ordem de
nascimento e ansiedade, porém há uma mediada pelo NSE. Assim, o fato de ser primogênito
não irá implicar num menor nível de ansiedade, a não ser que seja de uma
família de NSE médio-alto.
Na associação das três variáveis
estudadas percebeu-se que as variáveis sexo e nível socioeconômico se mostraram
fatores mais decisivos para discriminar os grupos, quanto à ansiedade-estado e
traço de ansiedade, em comparação com a ordem de nascimento, que somente na
interação com a variável nível socioeconômico e com sexo apresentou-se ser um
elemento discriminador. Ou seja, para entender o ser humano é preciso analisar
seus possíveis fatores, mas, principalmente, analisando as interações deste, se
aproximando assim da prática.
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