Câncer infanto-juvenil e tratamento quimioterápico.
Resenhado por Grasielle Rocha
Cicogna,
C. E., Nascimento, C. L. & Lima, G. R. A. (2010). Crianças e adolescentes
com câncer: Experiências com a quimioterapia. Revista. Latino-Americana de Enfermagem, 18 (5), 9 telas.
O
presente artigo tem como objetivo compreender como crianças e adolescentes
vivenciam a experiência do tratamento quimioterápico em diferentes fases, a
partir dos depoimentos destas. O câncer infanto-juvenil vem apresentando
aumento nas taxas de incidências e por ser uma doença que ameaça a vida é
temida tanto pelas crianças/adolescentes quanto por sua família. Hoje sabe-se
que dependendo do estágio da doença há grande chance de cura, principalmente se
diagnosticada precocemente. São várias as modalidades de tratamento, uma delas
é a quimioterapia, que, de um lado causa medo e do outro a possibilidade de
cura. O sujeito quando submetido a terapêutica quimioterápica torna-se
vulnerável ao tratamento, pois, além da quimioterapia ajudar a eliminar as
células cancerígenas também prejudica outros órgãos sadios. Ressaltando os seus
efeitos colaterais, pode provocar mudanças físicas e fisiológicas no paciente.
As mudanças em geral são repentinas e ocorrem durante e após as sessões da
quimioterapia, por exemplo, queda de cabelo, apatia, falta de apetite, perda de
peso, auto estima baixa, entre outros aspectos que também afetam o sistema fisiológico.
A
pesquisa é de caráter qualitativo e foi realizada em um hospital escola do
interior de São Paulo, especificamente em Ribeirão Preto. Foram entrevistados
10 crianças e adolescentes com idade entre 8 e 18 anos, predominando a faixa
etária entre 15 e 18 anos (n = 7), com diversos diagnósticos de câncer e em
tratamento quimioterápico. Salientando que os participantes se encontravam em
diferentes fases de tratamento. Para a coleta de dados, utilizou-se como
instrumento uma entrevista semiestruturada. As entrevistas ocorreram em
períodos entre os ciclos quimioterápicos, ou antes da infusão, visto que,
durante o processo de administração da quimioterapia as crianças e os
adolescentes mostraram-se menos responsivos, com indisposição para vínculos. Além
do objetivo citado, o estudo teve como um segundo tema, a quimioterapia,
organizada em tópicos: impacto da quimioterapia e características dos
quimioterápicos.
Nos
resultados e discussão, constatou-se no discurso das crianças/adolescentes a
respeito do impacto quimioterápico que elas já sabiam que ia acontecer ou
enfrentar, porém, não tiveram tempo de se adaptar ao diagnóstico e compreender o processo que vivenciariam, “os pacientes já se
veem obrigados a realizar o tratamento”, diz os autores. Observou-se também que
a quimioterapia trouxe às crianças/adolescentes a necessidade de isolamento
protetor, o que provocou a separação dos familiares e o convívio frequente em
unidades hospitalares, como também a ausência na escola. Ou seja, algumas
limitações foram necessárias. Para as crianças e adolescentes, a quimioterapia
é uma combinação de drogas que matam o tumor cancerígeno, como também prejudica
outras células boas. Outro aspecto que gera preocupação nos participantes está
relacionada a sua autoimagem, pois, os efeitos colaterais os prejudicam tanto
fisiologicamente como fisicamente, especialmente o vômito que inibem o apetite
e consequentemente acelera a perda de peso. Entende-se que é através dos
efeitos colaterais da quimioterapia que as crianças se dão conta que estão
realmente doentes.
É
pertinente salientar que o câncer infanto-juvenil vem apresentando um aumento
na taxa de incidência e hoje é conhecida como uma doença crônica. A modalidade
de tratamento mais usada: a quimioterapia, é vista pelos participantes como uma
cura e ao mesmo tempo como uma destruidora de órgãos, já que além de matar as
células cancerígenas prejudica também as células boas. Devido aos efeitos
colaterais do tratamento as crianças passam a se preocupar com sua autoimagem. Diante
disso, é de grande importância que os profissionais de saúde conheçam as
necessidades de assistência às crianças e adolescentes, para que possam dar um
suporte mais qualificado e direcionado.
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