Depressão, ansiedade e competência social em crianças obesas

Resenhado por Marcelle Leite Mota

Domingos, N. A. M.; Júnior, R. D. R. L.; Luiz, A. M. A. G. & Gorayeb, R. (2005). Estudos de Psicologia (Vol. 01).  São Paulo: Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto & Faculdade de Medicina e Enfermagem de São José do Rio Preto.

A obesidade, ou acúmulo excessivo de massa de gorduras (Frelut & Navarro, 2000), é um transtorno alimentar e logo de saúde muito frequente no mundo contemporâneo, em adultos e crianças principalmente em países desenvolvidos e industrializados. Nos Estados Unidos chega a afetar um terço da população. No Brasil existe uma limitação em relação a definir quantidade de pessoas com este transtorno.  Uma limitação em relação a este transtorno é referente ao seu diagnótisco.
A obesidade na infância, é relevante o seu estudo devido ao seu estágio de desenvolvimento favorecer uma continuidade deste transtornos até a idade adulta. Além da obesidade influenciada pelo meio social (exógena), existem doenças genéticas e alterações endocrinológica (endógenas) que favorecem o aparecimento deste transtorno.
É válido ressaltar que a depressão pode advir patologias orgânicas e pode apresentar mais frequentemente em crianças obesas, portadoras de doenças crônicas ou com dificuldades acadêmica (Rose, 1998; Amaral & Barbosa, 1990; Miyazaki, 1993; Weinberg, Rutman, Sullivan, Penich, & Dietz, 1973).
Para avaliar a depressão infantil podem ser utilizados instrumentos como o Inventário de Depressão Infantil (Children’s Depression Inventory - CDI) para se quantificar a intensidade e frequência dos sintomas depressivos.
No estudo de Csabi, Tenyi e Molnar (2000) realizado crianças obesas e não-obesas e utilizando como instrumento uma Escala de Classificação para Depressão Infantil, ratifica que há uma maior proporção de sintomas depressivos em crianças obesas. O estudo de Erickson, Robinson, Haydel e Killen (2000), realizado com pré-adolescentes, também a prevalência de pessoas acima do peso.
Porém, é curioso o fato de que não há consenso na literatura sobre as relações entre depressão e obesidade. Friedman e Brownell (1995), investigando a literatura, observaram divergências entre os estudos, alguns apontam que a relação obesidade e sintomas depressivos é inversamente proporcional, outros diretamente e há aqueles que afirmam que não há relação.
Verificando-se então a necessidade de se desenvolver estudos e instrumentos para a população infantil brasileira que verifiquem a presença de sintomas depressivos entre crianças obesas. Outro ponto importante é o fato sintomas depressivos se apresentarem associado a outros fatores como ansiedade, sendo portanto importante estudos que correlacionem com estes fatores.
Os transtornos ansiosos são um dos quadros psiquiátricos mais comuns, tanto em crianças como em adultos. Andrade e Gorenstein (1998) descrevem a ansiedade como um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que é normal, mas pode se tornar patológica quando acontece de forma exagerada e sem uma situação real ameaçadora que a desencadeie.
O transtorno de ansiedade pode ser categorizado de acordo com como ele se apresenta. Assim, se tiver um caráter transitório será considerado ansiedade estado e se tiver um caráter relativamente estável será considerado ansiedade traço. O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE C) é um instrumento muito utilizado para avaliar sintomas de ansiedade em crianças (Spielberger, Gorsuch, & Lushene,1979).
Um ponto importante é o fato de ser comum em pessoas acima do peso enfrentarem problemas psicológicos, sociais e comportamentais. No caso das crianças por exemplo sofrem bullying e tem dificuldade para se inserir nos grupos escolares. Estas influencias podem prejudicar as pessoas por toda a vida. De acordo com Keller e Stevens (1996), acompanharam meninas adolescentes por sete anos e estas apresentaram menos anos escolares completos, menor incidência de casamentos, renda familiar baixa e pobreza familiar em comparação com as adolescentes não-obesas.
O artigo mostra por meio de uma revisão da literatura que existem indicativos de correlações entre estes aspectos psicológicos (ansiedade, depressão, competência social e entre outras) e a presença de obesidade em crianças, que frequentemente se apresentam em concomitância sistemática. É importante frisar a relevância desse estudo, pois existem vários estudos que relacionam a obesidade e a ansiedade em adultos, e uma carência na investigação dessa relação em crianças. Estas pesquisas seriam fundamentais para fomentar estratégias eficazes de intervenção para este crescente grupo.


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