Coping (enfrentamento) religioso/espiritual
Resenhado por
Iracema Freitas
Panzini, R.G., & Bandeira, D.R.(2007) Coping
(enfrentamento)
religioso/espiritual, Revista Psiquiatria
Clínica - 34; 126-135, 2007
O presente artigo teve como
objetivo apresentar revisão de literatura sobre coping
religioso/espiritual(CRE), enfocando sua base teórica, avaliação e aplicação na
prática clínica.
Fez-se um levantamento nas
bases de dados Medline, PsycINFO, Scielo e Bireme/BVS entre 1979 e 2006,
constatou que pesquisas internacionais têm estudado a relação entre saúde e
qualidade de vida associada ao CRE. No Brasil, estudo feito por Faria e
Seidl(2005) investigaram a relação entre CRE e bem-estar subjetivo (BES) em 110
adultos em acompanhamento médico ambulatorial convivendo com HIV/Aids, 90% da
amostra relatou acreditar que a religiosidade poderia ajudar no coping com
problemas de saúde. Existem estudos sobre a relação entre CRE e saúde física ou
mental em diferentes populações como: homossexuais HIV-soropositivos, idosos hospitalizados,
transplantados (rim), pessoas lidando com situações estressantes e doentes
mentais crônicos.
Segundo
Koeing(2001), existem quatro
razões para associar religião e saúde: a primeira é que ela fornece uma visão
de mundo que ressignifica as experiências em positivas ou negativas; a segunda,
as crenças e práticas religiosas podem evocar emoções positivas; a terceira
associa os rituais como facilitadores das maiores transições da vida (adolescência,
casamento, morte) e a quarta refere-se as crenças como agentes de controle
social que delineiam tipos de comportamentos socialmente aceitos.
O
conceito de coping e estresse tem se desenvolvido a partir de estudo
cognitivistas, Lazarus e Folkman (1984)
definem o estresse psicológico como a
relação que se dá entre o sujeito e o seu meio, cujo contexto é notado como
algo que exige um tipo de enfretamento acima da sua capacidade. Já o modo como
o sujeito lida com o contexto estressor, as estratégias cognitivas e
comportamentais de manejo desses estressores é chamada de coping que determina um outro tipo de funcionamento humano. O
coping religioso é definido como aquele onde o uso da religião e da fé ajuda o
sujeito a lidar melhor com o estresse,
podendo ainda ser CRE positivo que abrange estratégias que podem redefinir o
estressor como benéfico, de modo que há uma busca apoio, amor, oração e contato
com Deus. Ou CRE negativo, quando se questiona a ação divina e percebe o
estressor como uma espécie de punição, levando a insatisfação ou
descontentamento. Existem cinco estilos de CRE: autodireção (selfdirecting) onde Deus daria liberdade ao homem para dirigir sua vida; delegação(delferring) em que o indivíduo atribui a Deus a
responsabilidade e solução dos seus problemas, colaboração,(collaborative) quando
há uma co-responsabilidade entre indivíduo e Deus, ambos devem solucionar os
problemas, súplica (pleading ou petitionary)
onde o sujeito tenta
convencer Deus por meio de orações, rogos e súplicas, e por fim a renúncia(surrender)
quando o indivíduo escolhe renunciar a sua vontade em favor da vontade de
Deus.
Apesar
de ser pouco estudado no Brasil, o CRE tem sido associado à saúde e a qualidade
de vida, sendo necessário que haja subsídios teóricos e empíricos que favoreçam
a inclusão da temática na prática clínica como estratégia que possa melhorar os
resultados da saúde física/mental e qualidade de vida (QV) do indivíduo. Esse
recurso pode ter impacto positivo nas ações dos profissionais de saúde, uma vez
que os estudos sugerem maior qualidade no tratamento de pessoas que consideram suas
crenças como beneficiadoras. Além de favorecer os agentes de saúde pública por
reduzir os custos nas intervenções e colaborar com a qualidade de vida.
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