Sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes
Resenhado por Laís Santos
Batista, M. A.
& Oliveira, S. M. (2005). Sintomas
de ansiedade mais comuns em adolescentes. Revista de
Psicologia da Vetor Editora; 6,;
43-50.
A fase da adolescência é um período de
intensas mudanças físicas e biológicas que provocam uma adequação psicológica e
social desses sujeitos. É quase que um processo de metamorfose; intensas
mudanças físicas e hormonais que exigem grandes ajustes. Contextos diferentes,
realidades diversas promovem diferentes reações frente a todas estas mudanças.
Com relação à ansiedade, alguns
adolescentes alegam sentir sintomas ansiosos constantes, frente a todas estas
mudanças. De modo geral, a ansiedade é uma experiência subjetiva do corpo
frente a condições extremas; ambientes geradores de situações ameaçadoras, ou
não, mas, situações estas que ultrapassam a capacidade de resposta ao meio. A ansiedade é por muitos autores,
definida como um sentimento, atrelado a ideia de perigo. Em outras palavras,
pensar ansiedade significaria visualizar “um mecanismo de proteção” do ser
humano frente a situações ameaçadoras.
A
ansiedade está associada a uma inquietação que pode gerar sintomas de ordem fisiológica
e cognitiva. Dentre os sintomas fisiológicos, podemos citar a agitação e
movimentos acentuados. Como características cognitivas, citamos atenção acentuada
e vigilância redobrada. A intensidade desses sintomas, frequência e duração,
variam de sujeito para sujeito, a depender do contexto e das situações as quais
ele esteja exposto.
Diversos estudos nacionais tentam
mensurar a ansiedade na fase da adolescência. De modo geral, essas pesquisas
apontam que a solidão, o desconhecido, a rejeição e o futuro se aparecem comumente
associados à ansiedade nessa fase. Alguns estudos evidenciam que as meninas são
mais ansiosas que os meninos. De modo geral, as meninas estão mais preocupadas
com a aprovação social e os meninos, por sua vez, são mais resistentes em
reconhecer sintomas de ansiedade. Eles apresentam os mais altos índices de
ansiedade geral, escolar e frente a situações de avaliações, além de maior
preocupação referente à necessidade de independência dos pais.
A partir deste cenário, o estudo em
questão teve como objetivo identificar os sintomas de ansiedade mais comuns em
adolescentes. A amostra foi composta por 511 alunos da cidade de São José dos
Campos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 14 e 18 anos, provenientes de
três escolas (2 públicas e 1 particular - uma escola municipal de ensino fundamental,
uma escola estadual de ensino médio e uma escola técnica). O instrumento
utilizado foi um questionário de 75 itens, embasados no CID-10 e no DSM-IV. As
alternativas de resposta variavam entre “sempre”, “às vezes” ou “nunca” de
acordo com a frequência de ocorrência.
Por se tratar de adolescentes, foi
necessária a autorização dos pais feita mediante o termo de consentimento. A
aplicação foi feita coletivamente nas salas de aula. O aplicador passou as
diretrizes da pesquisa, explicou o caráter facultativo da mesma, assim como o
tema – intensidade da ansiedade em adolescentes. Os itens do questionário foram
lidos em voz alta, em conjunto (aplicador e alunos). Cada aluno assinalou
apenas um item para cada frase, conforme foi indicado nas instruções
apresentadas. A pontuação de cada frase variou conforme a atribuição de pontos
de cada item (dois pontos à resposta “sempre”, um ponto à resposta “às vezes” e
zero a resposta “nunca”).
No grupo
de adolescentes do sexo masculino, com relação aos sintomas físicos foram
identificados: tremor, agitação, irritabilidade,
taquicardia, dor de estômago e insônia. Com relação aos sintomas emocionais,
foram elencados o medo, preocupação, nervosismo, pavor, aborrecimento e susto. Além
desses e outros sintomas, constatou-se um sintoma relacionado à ansiedade e a expectativas
positivas frente ao futuro. O grupo de adolescentes do sexo feminino apresentou
como sintomas físicos principais a impaciência e sudorese. Como sintomas
emocionais principais, foram evidenciados o medo e sentimento de incapacidade e
insegurança.
Alguns sintomas físicos ansiosos, como cansaço,
tontura, nervosismo, comer demais,
dificuldade para se lembrar, dentre outros, não apresentaram diferença significativa com relação ao sexo. Seguindo a
mesma linha de pensamento, alguns sintomas emocionais, como por exemplo,
tristeza, sensação de medo e preocupação, também, não apresentaram diferença
significativa quanto ao sexo.
Em suma,
o presente estudo nos mostra que há uma diferença entre gêneros no que tange a
presença de sintomas ansiosos. Além disso, nos revela que esses sintomas podem
ser agrupados em dois grupos – sintomas físicos e emocionais. Por fim,
entende-se que a adolescência é um período de intensas transformações, e que a
ansiedade, bem como os sintomas a ela atrelados, é constante nessa fase do
desenvolvimento. Desse modo, é importante conhecer e compreender quais são
estes sintomas a fim de reduzir os prejuízos e danos que podem ser eliciados frente
a uma carga excessiva de ansiedade.
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