Transtornos de Ansiedade na Criança: Um Olhar nas Comunidades

Resenhado por Alexsandra Macedo
Caires, M.C., Shonohara, H., Rev. bras.ter. cogn. vol.6 no.1 Rio de Janeiro jun. 2010. Transtornos de ansiedade na criança: um olhar nas comunidades. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 6, 62-84.

O presente artigo define a ansiedade como um estado emocional composto por aspectos psicológicos e pertinentes ao desenvolvimento humano, podendo tornar-se patológico quando ocorre de maneira exagerada e sem um desencadeador real ameaçador. Observa-se que as causas mais comuns desse transtorno são de natureza psicológica, podendo eclodir em função de comunicação simbólica verbal ou não, mediada por crenças e valores de uma comunidade sócio-cultural. Diante disso pretende-se verificar a presença de sintomas da ansiedade infantil em ambientes sociais mais violentos.
Em crianças e adolescentes os transtornos de ansiedade estão entre as doenças psiquiátricas mais comuns, sendo mais frequentes os transtornos de separação, a ansiedade generalizada, as fobias específicas, a fobia social e o transtorno do pânico. Para o diagnóstico é necessário à obtenção da história detalhada a respeito do início dos sintomas e possíveis desencadeadores.
A amostra foi composta por 90 crianças de três escolas públicas em comunidades do Rio de Janeiro: Morro Dona Marta (Botafogo, ocupada pela Polícia Militar_UPP, menor índice de vilência), Comunidade da Rocinha (São Conrado, comandada por traficantes de drogas, maior índice de violência) e Comunidade de Barrinha (Barra da Tijuca, próxima a condomínios de classe média e alta, com segurança reforçada, baixo índice de violência). Os instrumentos utilizados foram a Escala Multidimensional de Ansiedade para Crianças, a Escala Multidimensional de Ansiedade para Crianças, desenvolvida por March (1997) e a construção de um questionário baseado em estudos dos autores March e Sulivan (1999) e validado por Nunes (2004) para a população brasileira.
Os resultados obtidos no processo de testagem revelaram que na Comunidade da Rocinha, onde o índice de violência é maior, o nível de ansiedade infantil feminino é maior que o masculino, ou seja, as meninas apresentaram sintomas moderados de ansiedade e os meninos sintomas leves. No Morro Dona Marta, com menor índice de violência, tanto os meninos quanto as meninas não apresentaram sintomas de ansiedade relevantes. Na Comunidade de Barrinha, onde o índice de violência é baixo, meninos e meninas não apresentam sintomas expressivos de ansiedade.
A partir desses resultados, observou-se que as crianças que vivem na Rocinha têm uma maior predisposição a desenvolverem transtornos de ansiedade devidos, principalmente, ao ambiente social violento que vivenciam.  Considerando que as Comunidades da Dona Marta e Barrinha, já foram ocupadas pela UPP, que proporcionam uma maior segurança para os moradores, pode ter refletido nos menores índices de ansiedade apresentados. Conclui-se, então, que a avaliação prévia da ansiedade possibilita a identificação precoce dos sintomas, permitindo a prevenção de sofrimentos através da intervenção clínica adequada. Os autores enfatizam que deveriam ser de interesse das políticas públicas, o estabelecimento de parcerias entre a Secretaria de Saúde e a de Segurança Pública, uma vez que os dados da pesquisa revelaram que crianças que residem em comunidades onde a presença de segurança pública é mais efetiva apresentam menores índices de ansiedade, demonstrando que altos níveis de violência podem predispor a maior prevalência de sintomas de ansiedade.




Um comentário:

  1. blog muito interesante recomendei para a minha equipe no colegio objetivo zona norte adorei o post, parabéns pelo conteudo, nos ajudou muito a lidar com essa questão tão complicada, muito obrigada mesmo!

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