A comunicação com pacientes em cuidados paliativos: valorizando a alegria e o otimismo
Resenhado por
Beatriz Reis
Araújo, M. M. T &
Silva, M. J. P. (2006). A comunicação com pacientes em cuidados paliativos:
valorizando a alegria e o otimismo. Revista Escola de Enfermagem, 41(4),
668-674.
Trazendo
uma nova perspectiva de estudo, com foco em aspectos saudáveis e não mais
patológicos, a Psicologia Positiva acredita ser possível o desenvolvimento da
assistência psicológica voltada para a prevenção de doenças mentais e promoção
da qualidade de vida. Porém, a atuação desta abordagem pode ir além dos
aspectos preventivos e promotores de saúde. O artigo em questão fala sobre a
possibilidade da assistência em pacientes, com foco na abordagem otimista, mesmo quando o quadro clínico destes indica impossibilidade de cura.
Para
as autoras, é errônea a concepção de que não existe nada a ser feito quando um
paciente encontra-se em cuidados paliativos, acreditando ser possível proporcionar
o conforto necessário para que o paciente vivencie seu processo de morrer com
dignidade, utilizando da melhor forma possível o tempo que lhe resta. O que
significa ajudar o ser humano a buscar qualidade de vida mesmo quando não é
mais possível acrescer em quantidade.
Para
a Organização Mundial de Saúde, o conceito de cuidados paliativos está
relacionado aos cuidados ativos e totais do paciente cuja doença não responde
mais ao tratamento curativo. Trata-se de uma abordagem de cuidado diferenciada
que visa melhorar a qualidade de vida do paciente e seus familiares, por meio
da adequada avaliação e tratamento para alívio da dor e sintomas, além de
proporcionar suporte psicossocial e espiritual.
Porém,
de acordo com o artigo, este tipo de cuidado integral e humanizado só é
possível quando os profissionais fazem uso da diversidade no processo de
comunicação para que perceba, compreenda e empregue a comunicação verbal e não-verbal do paciente. Com a finalidade de investigar de maneira mais aprofundada os
efeitos desta comunicação entre profissionais de saúde e pacientes em cuidados
paliativos, as autoras entrevistaram 39 pacientes oncológicos com prognóstico
fechado, sem possibilidades de cura, submetidos a tratamento quimioterápico
paliativo, maiores de 18 anos, com a consciência preservada e que não estavam
impossibilitados de comunicar-se verbalmente.
Os
resultados indicaram quatro fatores ligados à comunicação verbal e não-verbal
entre os profissionais e pacientes paliativos e identificados como promotores
de qualidade de vida nesta população. Seriam eles: 1- a criação do vínculo e do
relacionamento interpessoal entre ambos; 2- a confiança nos profissionais de
saúde em razão da atenção e codificação da linguagem não-verbal dos pacientes;
3- o diálogo sobre outras questões da vida que vão além do estado clínico em
que se encontram e 4- a valorização do otimismo e do bom humor.
Porém,
entre os quatro fatores, o que mais se destacou como novidade e relevante para
a assistência aos pacientes que vivenciam a terminalidade foi a abordagem
otimista na comunicação dos profissionais. De acordo com o artigo, o otimismo valoriza
os aspectos positivos da condição do paciente, utiliza o bom humor e promove
uma atmosfera mais leve, alegre e agradável. Assim, as autoras concluem
considerando que esta abordagem pode se mostrar como uma alternativa para
amenizar os problemas de comunicação entre os membros da equipe de saúde e pacientes
em cuidados paliativos. Mesmo que não sendo a única alternativa apropriada,
certamente pode tornar o trabalho da equipe mais feliz, prazeroso e fecundo.
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