Satisfação com a vida e satisfação diádica: correlações entre construtos do bem-estar
Comin,
F. S. & Santos, M. A. (2010). Satisfação
com a vida e satisfação diádica: correlações entre construtos de bem-estar. Psico-USF, 15, 249-256.
Resenhado por Iracema R. O. Freitas
O bem-estar subjetivo (BES) é um
construto do campo de estudo científico da Psicologia Positiva, ligado à felicidade,
cuja peculiaridade reside em identificar como as experiências internas de cada
indivíduo influenciam no seu grau de satisfação com a vida. Dentre essas
experiências, o casamento representa um tipo de espaço de compartilhamento de
emoções, expectativas e desejos que, como as variáveis já estudadas pela
Psicologia Positiva, são relevantes para a análise do bem estar subjetivo. Estudos
apontam que pessoas casadas de ambos os sexos relatam mais felicidade do que
aquelas que nunca casaram ou são divorciadas, separadas ou viúvas. Além disso,
tais estudos também indicam que pessoas que coabitam com um parceiro também são
significativamente mais felizes em algumas culturas do que aquelas que vivem
sozinhas. Assim, estes resultados enfatizam a conjugalidade como uma dimensão
promotora de BES.
No estudo realizado com 106 voluntários
de ambos os sexos, com idade média de 42±11 anos, casados e com tempo médio de
união de 16,11±11,35 anos, foram avaliadas as correlações existentes entre os
três fatores do BES – afetos positivos, afetos negativos e satisfação com a
vida – e os três fatores da satisfação conjugal (SC) – interação conjugal,
aspectos estruturais e aspectos emocionais. Os instrumentos utilizados foram: questionário
Sociodemográfico (sobre renda, trabalho, idade, grau de instrução, número de
filhos e tempo de relacionamento), a Escala Abipeme de Classificação
Socioeconômica (a partir dos itens de conforto doméstico e da escolaridade do
chefe de família), a Escala de Bem-Estar Subjetivo (que avalia afetos
positivos, afetos negativos e satisfação-insatisfação com a vida) e a Escala de
Satisfação Conjugal (que avalia a satisfação com interação, com aspectos
emocionais estruturais relacionados ao cônjuge).
Os resultados apontam que as pessoas que
estão satisfeitas em outras áreas da vida (desejos, expectativas de vida e
outros), também sentem-se satisfeitas com a vida conjugal. Outro ponto
verificado no estudo foi a respeito dos afetos positivos e negativos como
determinantes na maneira de avaliar a própria vida. Vale ressaltar que também
foi encontrado na amostra um alto nível de afeto positivo, bem como um baixo
nível de afeto negativo.
Sabe-se que a satisfação com a vida tem
ligação com os aspectos pessoais que o indivíduo possui e que refletem os seus
critérios próprios de avaliação, referindo-se à saúde, trabalho, condições de
moradia, relações sociais e pessoais. Deste modo, com base neste estudo,
pode-se entender que a vida conjugal é afetada pelo modo como os parceiros
vivenciam as experiências nos outros domínios da vida. Assim, a satisfação pode
servir como um modulador das emoções que serão aumentadas ou diminuídas quer
sejam positivas, quer sejam negativas, dependendo da maneira como o indivíduo
pensa, e tal movimento também pode ser aplicado ao casamento. Concluindo,
pode-se considerar que a avaliação da satisfação com a vida tem sua relevância tanto
para o campo da Psicologia Positiva, quanto para a Psicologia da Saúde, por
tornar possível avaliar variáveis que possam contribuir para o BES, além de
favorecer a elaboração de estratégias que possibilitem a promoção deste
bem-estar específico à população estudada.
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