Otimismo Explicativo ao Disposicional: a Perspectiva da Psicologia Positiva
Resenhado por Iracema Rocha de Oliveira Freitas
Bastianello,
M.R., & Hutz, B.C.S. (2015). Otimismo Explicativo ao Disposicional: a
Perspectiva da Psicologia Positiva. Psico-USF,
20(2), 237-247. doi./10.1590/1413-82712015200205.
Otimismo é um conceito que tem sua
origem no latim optimus (o melhor), e
é popularmente visto como a maneira de “enxergar o lado bom das coisas”. Na
Psicologia Positiva o construto otimismo fundamenta-se em duas teorias: teoria
do otimismo aprendido, de Martin Seligman e a do otimismo disposicional, de
Michael Scheier e Charles Carver.
De
acordo com a teoria do otimismo aprendido, o que define ser otimista é ter
pensamentos positivos, ou seja, ter um modo diferente de pensar sobre os eventos
ruins. Dessa maneira o que determina o pessimista ou otimista é o seu estilo
explicativo para a origem dos eventos bons ou ruins. O termo estilo explicativo
nasceu do modelo de desemparo aprendido que apresenta a teoria de que após
experimentarmos eventos aversivos incontroláveis desistimos de evitar os
estímulos ruins. O estilo explicativo possui três dimensões: Permanência (refere-se
ao tempo de efeito do evento, seja estável ou temporário), Difusão (refere-se à
propagação dos efeitos para outras situações) e Personalização (atribuição das
causas a efeitos externos ou internos). A partir dessas três dimensões, o
otimista é aquele que atribui explicações permanentes, inespecíficas e internas
para os eventos bons, e explicações temporárias, específicas e externas para
eventos ruins.
No
otimismo disposicional, ser otimista está relacionado a boas expectativas com
relação aos eventos futuros. Assim, o indivíduo pode ser impulsionado a
alcançar os seus objetivos e se afastar dos objetivos indesejáveis. Essa teoria
está respaldada no expectancy-value model of motivation (modelo de expectativa-valor), em que
o indivíduo age ou deseja, por acreditar que pode alcançar aquilo que aspira, o
que significa dizer que o otimista presume que as adversidades poderão ser
superadas com facilidade ou com o maior empenho.
Acredita-se que o otimismo está relacionado a uma postura proativa que
pode colaborar para a saúde física e mental contribuindo para uma melhora na
autoestima, redução nos graus de ansiedade e depressão, além de diminuir
ideação suicida entre adolescentes. Na Alemanha, por exemplo, um estudo
realizado com pacientes com câncer urogenital, concluiu que os doentes com um
baixo nível de otimismo e um alto nível de pessimismo apresentavam maior risco
para elevados graus de ansiedade e depressão, além de apresentarem baixa qualidade
de vida.
Em
suma, a literatura na área da Psicologia Positiva tem pesquisado sobre o
otimismo e a sua correlação com indicadores positivos do desenvolvimento, com o
objetivo de fornecer subsídios, para pesquisadores e profissionais, a fim de
buscar evidências e poder intervir para uma melhoria na saúde física e mental
dos indivíduos. Utilizando como recursos a influência das emoções e da
interpretação pessoal dada aos eventos como possíveis promotores da saúde. À
psicologia da saúde cabe aprofundar seus estudos sobre o otimismo com a
finalidade de identificar as variáveis que podem ser utilizadas a favor de
determinados recortes populacionais.
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