Otimismo

Resenhado por Laís Santos

Carver, C.S., & Scheier, M.F. (2014). Dispositional optimism. Trends in Cognitive Sciences, 18(6), 293-299. doi: 10.1016/j.tics.2014.02.003

O otimismo é uma construção cognitiva relacionada a expectativas em relação a resultados futuros.  Ademais, este construto está associado tanto à motivação – pessoas mais otimistas dispendem mais esforço do que as pessimistas -, quanto a outros elementos, como a esperança e a autoeficácia. Segundo o texto, grande parte dos estudos sobre otimismo tem relacionado este construto a contextos de saúde, encontrando como resultado associações positivas entre a saúde física e psicológica. O otimismo enquanto dimensão da personalidade tem sua origem relacionada ao saber popular. Mais recentemente, a investigação deste, enquanto um traço da personalidade, vem sendo amplamente avaliada a partir do Teste de Orientação da Vida, medida de autorrelato revisada em 1994.
De acordo com os autores, pessoas otimistas tem melhor desempenho emocional e psicológico do que as pessimistas, quando expostas a problemas de saúde. Estima-se que os efeitos positivos relacionados à saúde física dos sujeitos se referem, por exemplo, aos comportamentos de promoção da saúde. Por exemplo, cita-se uma pesquisa realizada com 95 mil mulheres sadias ao longo de oito anos, cujo objetivo era mensurar a qualidade de vida, doenças crônicas, morbidade e mortalidade. Os resultados revelaram que as mulheres com maior nível de otimismo eram menos propensas a desenvolver e a morrer de causas relacionadas a doenças cardíacas coronárias. Além disso, essas mulheres teriam índices de mortalidade mais baixos de modo geral, do que as pessimistas, ao longo dos oito anos de estudo. Outras pesquisas revelaram que o otimismo também pode atuar como um fator protetivo contra o acidente vascular cerebral (AVC), bem como, pode estar associado à perfis de sono mais adaptáveis em crianças mais otimistas do que entre as pessimistas.
Acredita-se que há duas explicações para o fato de os otimistas terem melhores resultados de saúde do que os pessimistas. Uma delas é motivacional e comportamental. Avalia-se que o permanecer saudável está relacionado, entre outros fatores, à ter comportamentos adequados que proporcionem melhor saúde ao sujeito. Pessoas otimistas tendem a ser menos propensas ao fumo, e mais favoráveis a prática de atividades físicas, por exemplo, do que os pessimistas. Outra razão para uma melhor saúde decorre do melhor perfil de respostas emocionais à adversidade exibidos por otimistas (menos sofrimento e emoções mais positivas). Este padrão de experiências emocionais resulta em menor esforço fisiológico ao longo do tempo, proporcionando melhor saúde.
Por fim, o otimismo apesar de estar centrado no âmbito cognitivo, também está relacionado a aspectos emocionais e motivacionais. De fato, sabe-se que pessoas otimistas são menos propensas a desenvolver, por exemplo, a depressão, e menos predispostas à ideação suicida. Contudo, sugere-se que novos estudos possam avaliar com maior exatidão, a origem desse construto, quais os efeitos do otimismo, bem como, o modo como ele atua diante de comportamentos de saúde, transtornos e doenças em diferentes fases do desenvolvimento.

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