Aprendendo com o tédio pandêmico

Martarelli, C., & Wolff, W.  (2020). Too bored to bother? Boredom as a potential threat to the efficacy of pandemic containment measures. doi: 10.31234/osf.io/v7y85 

Resenhado por Amanda Feitosa 

Entre as diversas emoções que surgiram na pandemia, o tédio pode ser considerado como um dos maiores desafios emocionais desde o início do isolamento social. O tédio ocorre quando há uma falta de estimulação junto com a percepção da pessoa de uma falta de sentido. Assim, assistir a nova série que lançou na Netflix não parece ser mais o suficiente para nos animar, no máximo irá nos distrair por um tempo, até que a tela se apague para voltarmos ao estágio inicial.  
A pandemia nos retirou da nossa rotina e limitou as opções do nosso dia-a-dia. Além de impedir que as pessoas realizem o que sentem vontade, ela também transformou os horários e as rotinas estruturadas da população, quando não os eliminou completamente. Sem um senso de direção claro e sem a possibilidade de realizar diversas atividades as quais fazia antigamente, o tédio se torna predominante, trazendo consequências negativas na saúde mental. 
Para além dos efeitos psicológicos, o tédio pode aumentar nossa exposição a situações de risco. Estudos sugerem que homens e pessoas idosas são mais suscetíveis a sentir tédio. Assim como se observou que os homens foram aqueles mais propensos durante a pandemia a estar em aglomerações e não usar máscaras. O descuido com o isolamento social é somente um dos vários exemplos que podem decorrer por conta da sensação de desmotivação. O confinamento prolongado e a incerteza de quanto tempo irá durar a pandemia somados a sensação de tédio faz com que pessoas, mesmo cientes da importância das medidas de prevenção da COVID-19, se ponham em riscos desnecessários. 
Tendo em vista o impacto do tédio no psicológico e nos comportamentos de saúde da população, fazem-se necessárias estratégias que visem diminuir seu efeito durante o período de confinamento. A Psicologia da Saúde pode atuar na elaboração de intervenções, por exemplo, para fortalecer o autocontrole e outras estratégias de coping. Assim, espera-se que a população aprenda a lidar com o tédio de forma mais adaptativa e, consequentemente, protejam sua saúde mental e física. 

Fonte: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/the-engaged-mind/202007/learning-pandemic-boredom

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