Como a quarentena pode ter mudado os hábitos de consumo de bebida alcoólica entre as mulheres
Traduzido e adaptado por Luanna Silva
O aumento no consumo de bebidas tem sido amplamente documentado desde que grande parte do mundo entrou em confinamento em meados de março. No
final de junho, Sheila, uma arquiteta de 36 anos de Los Angeles,
percebeu que ela e o marido tinham bebido todos os dias por 70 dias
seguidos. "Entramos em pânico quando analisamos os números", diz ela,
sobre como seus hábitos de consumo de bebida alcoólica mudaram em quarentena. Além do happy hour no Zoom, ela também se viu tomando tequila durante as chamadas de trabalho que acontecem até tarde da noite. “Quando você compara dias de bebida versus dias de exercício, a proporção é sombria. As coisas definitivamente mudaram”.
A
pandemia provavelmente está exacerbando uma tendência emergente, diz
Lara Ray, PhD, psicóloga clínica e professora de psicologia e
neurociência comportamental da Universidade da Califórnia em Los Angeles
(UCLA). “Mesmo antes da pandemia, as pesquisas mostravam que o uso de
álcool já estava aumentando entre as mulheres. Alguns dos estressores
sociais- pressão na carreira, na vida pessoal e falta de igualdade de gênero - estão levando as mulheres a beber. E isso foi pré-COVID”, diz Ray e ela não prevê que esses novos hábitos de bebida se dissipem quando o isolamento acabar e as pessoas voltarem à rotina normal.
David Jernigan , PhD, professor de direito da saúde na Universidade de Boston e especialista em publicidade de álcool, explica “Os
estudos mostram que, a longo prazo, quanto mais as pessoas estavam
perto de desastres como o 11 de setembro, a SARS ou o furacão Katrina,
maior a probabilidade de relatar um transtorno por uso de álcool um a
três anos após o evento”. Ele também aponta "Esse é um padrão de consumo muito diferente e os padrões de consumo tendem a persistir", diz Jernigan.
"Quando as pessoas bebem mais, elas não percebem, as pessoas ao seu
redor não percebem, e estão estabelecendo padrões que os colocarão em
problemas a longo prazo".
Uma
bebida noturna em quarentena era uma coisa quando todos pensávamos que
poderíamos ficar presos em casa por três semanas. No entanto, quando
entramos no quarto mês da pandemia de coronavírus, percebemos que algo vai precisar mudar, especialmente porque o álcool pode piorar os desfechos relacionados à COVID-19. Uma vez que o coronavírus estará conosco por um longo tempo, as pessoas precisam tornar suas habilidades de enfrentamento mais adaptativas. “A curto prazo, beber pode ajudar a aliviar, mas a longo prazo o que você fará? Vai correr? Caminhar com seu parceiro? Ioga? Meditação? Pergunto às pessoas: "Se você não usar álcool para lidar, então o que pode fazer?".
Fonte: https://www.bustle.com/wellness/how-womens-drinking-habits-have-changed-for-the-long-term-thanks-to-the-pandemic-28787823
Nenhum comentário: