Estresse e bem-estar no trabalho: o papel moderador da regulação emocional

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"Stress and Well-being at Work: The Moderating Role of Emotion Regulation"


Hirschle, A. L. T., Gondim, S. M. G., Alberton, G. D., & Ferreira, A. S. M. (2019). Estresse e bem-estar no trabalho: o papel moderador da regulação emocional. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho19(1), 532-540.

Resenhado por Nayara Chagas Carvalho 

Eventos novos ou até mesmo situações a qual a pessoa percebe que não possui estratégias para lidar com os desafios apresentados são consideradas estressores, uma vez que ocasionam efeitos negativos. A percepção dos eventos estressores está associada a relação pessoa-ambiente e a forma como a pessoa percebe e lida com o contexto adverso, envolvendo processos psicológicos que podem impactar nesta relação e no modo como a situação é enfrentada.

Desse modo, as competências emocionais, o desenvolvimento e o uso de estratégias de regulação emocional, funcionais e adaptativas, se tornam imprescindíveis na medida em que contribuem para o bem-estar geral e minoração dos efeitos danosos do estresse no trabalho. Numa abordagem cognitiva, a regulação emocional (RE) faz alusão a forma como as pessoas gerenciam suas emoções e expressões para lidar com situações diversas, podendo produzir assim respostas coerentes com as demandas do ambiente ocupacional.

As organizações tem focado nas potencialidades dos seus empregados e nos fenômenos que causam impactos na percepção de Bem-estar no trabalho (BET), ao invés de focar apenas no estresse e no Burnout. O BET abarca aspectos afetivos (percepção subjetiva de bem-estar) e cognitivos (processos psicológicos), sendo conceituado tomando como base a presença de emoções positivas, da satisfação com a vida e trabalho, tendo uma percepção de que o indivíduo está desenvolvendo potencialidades e alcançando as suas metas pessoais.

O estudo buscou investigar a interface da regulação emocional nas relações entre estresse percebido e BET, baseado no modelo que aborda dois tipos de regulação emocional: a Regulação Ascendente (RA) que foca no uso de estratégias adaptativas (para aumentar o impacto das emoções positivas) ou desadaptativas (para reduzir os efeitos das emoções positivas); e Regulação Descendente (RD) que abarca estratégias funcionais (diminuição dos efeitos das emoções negativas) ou disfuncionais (constância do foco nos efeitos negativos) que são utilizadas para lidar com emoções negativas. Participaram deste estudo 480 trabalhadores de 12 indústrias, nacionais e multinacionais, situadas no estado da Bahia. Para coleta de dados, utilizou-se os seguintes instrumentos: Medida de regulação emocional no trabalho (RE-Trab); Escala de estresse no trabalho (EET); Escala de Bem-estar no trabalho (EBET).

Nos resultados, os autores observaram que os participantes exibiram um nível baixo de estresse e moderado de EBET. Verificou-se uma relação positiva entre as estratégias funcionais e adaptativas, sendo esta última melhor preditor de BET. Além de evidenciarem uma correlação positiva entre as estratégias disfuncionais e desadaptativas. O uso de estratégias desadaptativas mostrou um menor prejuízo no BET quando utilizado com estratégias disfuncionais. A pesquisa ainda encontrou uma correlação negativa entre o estresse e o BET, sendo mais significativa num cenário em que se tem que lidar com emoções positivas, do que num cenário em que os participantes tenham acesso às emoções negativas e precisem lidar com elas.

Por fim, viu-se também que a utilização de estratégias para regulação das emoções positivas, provocadas por situações favoráveis de trabalho, contribuíram para o BET. Em contrapartida, o efeito negativo do estresse se mostrou menos evidente em situações desfavoráveis de trabalho. A longo prazo, isto poderia acarretar prejuízos para o bem estar do trabalhador e dificuldades em desenvolver estratégias adequadas para lidar com os diversos cenários do ambiente organizacional. Portanto, a diminuição do estresse no ambiente de trabalho seria uma possibilidade para que os trabalhadores pudessem desenvolver e utilizar estratégias de regulação emocional mais adequadas ao cenário.

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