Coping e regulação emocional desde a infância até a idade adulta: pontos de convergência e divergência

Coping and emotion regulation from childhood to early adulthood: Points of convergence and divergence 
Compas, B. E., Jaser, S. S., Dunbar, J. P., Watson, K. H., Bettis, A. H., Gruhn, M. A., & Williams, E. K. (2014). Coping and emotion regulation from childhood to early adulthood: Points of convergence and divergence. Australian journal of psychology, 66 (2), 71-81. doi: 10.1111/ajpy.12043 
Resenhado por Maísa Carvalho
  
Os mecanismos de Coping (ou enfrentamento) e de Regulação Emocional (RE) são importantes para o manejo da saúde mental, prevenção e tratamento de diferentes problemas psicológicos e psicopatologias como estresse, transtornos depressivos e de ansiedade. Embora esses construtos apresentem uma aproximação teórica e metodológica, existem diferenças substanciais que implicam em uma melhor compreensão e aplicação desses dois recursos tanto em pesquisas quanto no uso clínico. Diante disso, o presente estudo objetivou compreender quais as diferenças e aproximações entre os dois construtos ao longo do ciclo vital.  

Definição e conceitualização 

Coping pode ser definido como um esforço cognitivo e comportamental para gerenciar demandas específicas externas e/ou internas sob circunstâncias ou eventos estressantes. Ou seja, é um mecanismo de resposta que possui um propósito, é controlado e direcionado. A RE é comumente definida como um processo intrínseco e extrínseco pelo qual os indivíduos influenciam quais emoções têm, quando as têm e como experimentam e expressam essas emoções. Ademais, é organizada em torno de emoções específicas (exemplo: tristeza, medo e raiva) e inclui esforços para regular emoções positivas e negativas. 

Pontos comuns e distintos 

De acordo com os autores, os construtos possuem quatro pontos comuns: (1) Ambos são considerados processos de regulação, pois por definição os processos regulatórios (como o coping) também estão no centro da RE. (2) Tanto o coping quanto a RE são esforços controlados e intencionais. (3) O coping inclui a RE sob estresse, ou seja, como a RE ocorre tanto em circunstâncias estressantes e não estressantes, o enfrentamento pode ser compreendido como um caso de RE sob estresse. (4) Os dois são conceituados como processos temporais que se desdobram e podem mudar com o tempo.  
Já os pontos distintos são: (1) A RE inclui tanto processos controlados quanto automáticos. Em contrapartida, o coping inclui apenas processos controlados. (2) Coping se refere exclusivamente a uma resposta ao estresse, enquanto a RE inclui o manejo de uma série de emoções e situações. (3) A RE pode incluir tanto processos intrínsecos (quando a emoção é regulada pela pessoa) quanto extrínsecos (quando advém de um fator externo), já o coping envolve apenas processos extrínsecos. (4) As pesquisas sobre RE e coping se concentraram em diferentes estágios do desenvolvimento. Muitos estudos investigaram a RE em bebês e crianças pequenas, enquanto o coping foi quase exclusivamente estudado na infância, adolescência e idade adulta, pois as habilidades cognitivas e comportamentais requerem maior complexidade. 
Na Psicologia da Saúde os dois mecanismos são bastante observados e estudados em diferentes grupos etários e períodos do desenvolvimento. Além disso, ambos reúnem uma ampla gama de evidências que comprovam os efeitos benéficos desses recursos na saúde psicológica, especialmente em condições clínicas que demandam cuidados ainda maiores com o manejo emocional – a exemplo das doenças crônicas como câncer e diabetes.

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