Situações interpessoais difíceis: relações entre habilidades sociais e coping na adaptação acadêmica

Soares, A. B., Monteiro, M. C., Souza, M. S. D., Maia, F. A., Medeiros, H. C. P., & Barros, R. D. S. N. (2019). Situações interpessoais difíceis: relações entre habilidades sociais e coping na adaptação acadêmica. Psicologia: Ciência e Profissão, 39.
Resenhado por Franciely Santos
  
O início da vida acadêmica é uma mudança significativa na vida dos estudantes e que necessita de adaptação visto que esse novo ambiente traz algumas demandas ainda não vivenciadas. Dessa forma, o uso de estratégias de enfrentamento por parte dos estudantes se faz eficaz para melhor manejo em situações incômodas. Esse estudo visou observar quais seriam as estratégias mais utilizadas em cinco situações específicas consideradas difíceis e, ainda, se as habilidades sociais e o coping poderiam predizer a melhor adaptação acadêmica.
Participaram do estudo 400 estudantes e os instrumentos utilizados foram: o Inventário de Habilidades Sociais (IHS), o Questionário de Vivências Acadêmicas- reduzido (QVA-r) e a Escala de Enfrentamento de Problemas (EMEP). Foram consideradas cinco situações acadêmicas atribuídas como difíceis de lidar: pedir a um colega que desligue o celular na aula, apresentar trabalho em aula, pedir aos colegas que não lanchem na sala, mobilizar os colegas para reivindicar seus direitos e receber críticas do professor. Para essas situações foram feitas correlações visando associar qual estratégia mais utilizada em cada uma e independente delas.
A estratégia Focalizada no Problema e a Busca de Suporte Social foram as mais utilizadas, seguida de Prática Religiosa e Focada na Emoção, na análise de forma independente das situações específicas. A estratégia Focalizada no Problema é vista como a mais eficaz visto que tem a intenção de resolver a situação que gerou o estressor de maneira direta e objetiva. Em contrapartida, a estratégia Focada na Emoção foi a última a ser utilizada, o que significa que os alunos não priorizam a emoção no momento do conflito, preferem ser racionais, o que é considerado algo positivo. Das situações específicas, apenas em “receber críticas do professor” foi mais usada a Estratégia de Prática religiosa, a qual o aluno pode considerar que independe dele e põe sua esperança em forças divinas. 
Em relação a predição, o estudo observou que os estudantes que tiverem melhores habilidades sociais e estratégias quando confrontados por situações desagradáveis teriam boas condições de manejo em diversas ocasiões da vida universitária. Sendo que a habilidade social de Autoafirmação na Expressão de sentimento positivo foi a que se mostrou mais forte em relação a adaptação acadêmica. Muitos estudantes não conseguem lidar com os estressores que a vida universitária traz, e muitos abandonam, por isso a importância da pesquisa, para que as estratégias que se fizeram eficientes sejam trabalhadas com todos os alunos no período inicial do ensino superior.
Portanto, as habilidades sociais e o coping mostram-se eficazes na adaptação acadêmica. A Psicologia da Saúde pode aprofundar estudos nessa abordagem buscando intervenções que sejam eficazes e que possam ser aplicáveis nas universidades. Além disso, estudantes que tiverem dificuldades podem recorrer aos profissionais para melhor apoio e juntos conseguirem traçar estratégias a depender das demandas do indivíduo e suas particularidades.

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