Ajustamento Psicológico à doença Crônica
Ridder, D., Geenen, R., Kuijer, R., & van Middendorp, H. (2008). Psychological adjustment to chronic disease. Lancet (London, England), 372(9634), 246–255. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(08)61078-8
Resenhado por Kelyane Sousa
Doenças crônicas possuem
características como persistência a longo prazo e repercussões no funcionamento
normal das pessoas. Algumas, a exemplo da artrite reumatoide, precisam de
tratamento farmacológico por um tempo considerável e podem ter como
consequências dor e incapacidade física. Outras, como a diabetes, são
controladas clinicamente, entretanto demandam adesão ao controle alimentar
dentre outras estratégias. Assim, a doença crônica tem como impacto a
necessidade de mudanças significativas, podendo gerar em decorrência em efeitos
negativos na qualidade de vida e bem-estar.
Dessa forma, pessoas com doenças
crônicas são confrontadas com situações até então desconhecidas, o que demanda
delas novas estratégias de enfrentamento. A maioria das pessoas conseguem
alcançar um bom ajustamento psicológico diante das novas circunstâncias, porém
para cerca de 30% dos pacientes esse ajustamento é mais lento do que o esperado
e, algumas vezes, malsucedido. Neste artigo, são elencados 5 elementos-chave
para o ajustamento bem-sucedido: (1) bom desempenho de tarefas adaptativas; (2)
ausência de transtornos psicológicos, (3) presença de baixo afeto negativo e
alto afeto positivo; (4) estado funcional adequado; e (5) satisfação e
bem-estar em vários domínios da vida.
Neste estudo foi realizada uma
revisão de literatura acerca dos aspectos fisiológicos, emocionais,
comportamentais e cognitivos do ajustamento psicológico a doença crônica. Como
resultado, os autores identificaram que para promover o ajuste psicológico, os
pacientes devem permanecer tão ativos quanto for razoavelmente possível,
reconhecer e expressar suas emoções de uma forma que lhes permitam assumir o
controle de suas vidas, se envolver em seu próprio autocuidado e tentar focar
nos potenciais resultados positivos de sua doença. Com o uso de tais
estratégias, pessoas com doenças crônicas têm a melhor chance de se ajustar com
sucesso aos desafios impostos.
A pesquisa buscou compreender as
condições através das quais os pacientes podem manter suas vidas em condições
favoráveis. Assim, os autores consideraram que o engajamento em tais atitudes
pode ajudar os indivíduos a enfrentarem e trabalharem os sentimentos negativos
induzidos pela doença e a se envolverem em comportamentos exigentes de
autogestão que podem melhorar sua condição. Para alcançar o ajuste psicológico,
os pacientes precisam enfrentar a realidade de estar cronicamente doentes e
fazer esforços para mudar suas vidas para se ajustar às novas circunstâncias
impostas por sua doença.
Conhecer o mecanismo de
ajustamento das pessoas diante do acometimento por uma doença crônica é
fundamental para a psicologia da saúde, que tem como alicerce justamente a
adaptação e o enfrentamento das pessoas diante de condições de saúde e doença.
Dessa forma, o presente artigo se faz relevante ao se traduzir como ferramenta
ao psicólogo que deve servir como instrumento para que as pessoas consigam se
ajustar de forma saudável e com o máximo de bem-estar possível frente ao
diagnóstico de uma doença crônica.
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