Alves, C. J. M., Martelli, A. C. C., Prado, R. B. R., &
Fonseca, M. D. S. (2009). Variabilidade de diagnósticos psicológicos frente à
avaliação dermatológica da escoriação psicogênica. Anais Brasileiros de
Dermatologia, 84(5), 534-537. doi: 10.1590/S0365-05962009000500016
Resenhado por Maísa Carvalho
A
Psicodermatologia, a interface entre a Psicologia e a Dermatologia, propõe-se a
pesquisar as relações entre as condições psicopatológicas e seus efeitos nas
dermatoses, por exemplo, os Transtornos Depressivos, Transtornos de Ansiedade,
Transtornos Alimentares, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, dentre outros. Uma
dessas dermatoses, frequentemente associada a quadros ansiogênicos, é a
Escoriação Psicogênica (EP) - também denominada como Skin Picking ou
Transtorno de Escoriação -, a qual é caracterizada pelo comportamento do
indivíduo de arranhar, beliscar, cortar ou escavar a pele normal de forma
recorrente, lesionando-a. Essa é o objeto do presente estudo, que apresentou
três relatos de caso objetivando realizar associações entre variáveis
psicológicas e a doença.
Os três casos
são de pacientes do sexo feminino, com idades de 45, 40 e 49 anos,
respectivamente, todas diagnosticadas com a EP através de avaliação feita por
equipe interdisciplinar. Além desse diagnóstico, a paciente do caso 1 foi
diagnosticada com Transtorno Obsessivo-Compulsivo, e as dos casos 2 e 3 com
Transtorno de Personalidade Borderline. Para o caso 1, foram prescritas a
psicoterapia, o uso de antidepressivo tricíclico e após dois anos, o uso de inibidor
seletivo de recaptação de serotonina aliado à psicoterapia. No caso 2, foram
prescritas as mesmas medicações do caso anterior e também psicoterapia e no
caso 3, antidepressivo tricíclico e posteriormente o uso de antidepressivo
atípico.
Em todos os
três casos percebeu-se que a EP foi desenvolvida em termos somáticos como uma
forma de manifestação psíquica, visto que as pacientes possuíam conteúdos
psicológicos reprimidos e/ou não elaborados de forma saudável. Apesar dos
diagnósticos e terapêuticas serem diferentes, as três pacientes apresentaram
aspectos convergentes em seus casos, como traumas emocionais da infância,
dificuldade em lidar com problemas cotidianos, comportamentos impulsivos e difíceis
relacionamentos interpessoais, além das dificuldades em se comprometerem com o
tratamento. Apesar dos percalços durante os processos de tratamento, as
pacientes relataram melhor compreensão e controle do quadro psicodermatológico.
Por fim, as
pesquisas nas áreas da Psicodermatologia e da Psicologia da Saúde são benéficas
quanto à realização de levantamentos epidemiológicos que estimem a prevalência
da EP na população geral. Com vistas, principalmente, a realizar capacitações
em profissionais de saúde que objetivem capacitar o diagnóstico diferencial e
os tratamentos adequados aos diferentes casos e públicos.
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