Suicídio na adolescência: panorama, cuidados e escuta
Faro, A., &
Santos, L. (2018). Suicídio na adolescência: panorama, cuidados e escuta. In Angerami Valdemar (Org.), Sobre
Suicídio: A psicoterapia diante da destruição (169-189). Belo Horizonte,
Brasil: Artesã Editora.
Resenhado por
Mariana Serrão
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados publicados em 2018 mostraram que
cerca de 800 mil pessoas cometem
suicídio anualmente. Esse número reforça que o suicídio é um fenômeno global,
sendo definido tanto como uma ação
contra a si mesmo com intenção letal, quanto
um ato intencional para por fim a
própria vida.
Existem
alguns fatores de risco que estão envolvidos nas tentativas de suicídio, são
eles fatores sociais, desemprego, eventos como morte de alguém querido,
divórcio, transtorno mental, abuso de álcool ou drogas. É importante salientar
que não existe uma relação de causa e consequência, mas sim variáveis que
contribuem para que o indivíduo se envolva em ideações e tentativa de suicídio.
O
bullying, por exemplo, é considerado um fator de risco para os adolescentes,
visto que basicamente ocorre na adolescência. Os comportamentos autolesivos,
muitas vezes usados como uma forma de aliviar a dor ou sinalizar a necessidade
de ajuda, é um ato comum entre os jovens, e também perigoso, pois pode ter como
desfecho o suicídio.
A
literatura afirma que alguns aspectos individuais também influenciam no
suicídio como desfecho, são eles pensamentos ruminativos e depressivos,
autoestima rebaixada, desesperança e baixa percepção de suporte social. É
possível notar alguns sinais de alerta que pessoas propensas a cometer suicídio
emitem, como por exemplo, a ambivalência no que diz respeito a querer morrer
para acabar com o sofrimento mas ao mesmo tempo essas pessoas também querem
viver. A impulsividade e os pensamentos recorrentes sobre suicídio como a única
opção de acabar com o sofrimento, desespero, desesperança, falta de objetivo de
vida, podem ser considerados sinais de alerta para o comportamento suicida.
Vale
ressaltar que o cuidado e atenção não devem se restringir a quem emite sinais
de ideação suicida, mas a pessoas que já tentaram e sobreviveram, pois essas
pessoas tem mais chances de tentar de novo e precisam de um tratamento adequado.
No primeiro momento, o papel do psicólogo que atende paciente com essa demanda
é entender, por meio da escuta, o que está por traz da afirmação “quero tirar a
minha vida,” buscar o que de fato o
indivíduo gostaria acabar e partir definir as
intervenções que serão feitas. É necessário apontar que, por mais que a
psicoterapia seja feita através da fala/escuta, ela não se resume a isso. O
tratamento psicológico tem como objetivo verificar as crenças e contexto que
levam o indivíduo ao sofrimento, bem como traçar com ele estratégias que de reestruturação cognitiva e comportamentais, com o objetivo de diminuir a
desesperança, aumentar a percepção da autoestima, autoeficácia e diminuir os
sintomas depressivos.
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