Otimismo: Teoria e Aplicabilidade para a Psicologia
Santos, L., &
Faro, A. (2020). Otimismo: Teoria e aplicabilidade para a psicologia. Revista
Psicologia e Saúde. https://doi.org/10.20435/pssa.v0i0.898
Resenhado por
Daiane Nunes
O
interesse da Psicologia em estudar o otimismo como aspecto pessoal importante
para o funcionamento humano esteve atrelado ao conhecimento das diferenças entre
otimistas e pessimistas e o modo de se relacionarem com o mundo a partir dessas
crenças. O otimismo é uma variável cognitiva que reflete quão favorável uma pessoa
é em relação ao seu futuro. Diante dos desafios da vida, pessoas otimistas
tendem a ter mais comportamentos de confiança e persistência mesmo quando
confrontadas com grandes dificuldades. Isso não implica afirmar que esses
mesmos indivíduos não experimentam sentimentos aversivos diante das
adversidades, mas que se mostram mais motivados para despender esforços para
alcançar uma meta. Noutra direção, as pessoas mais pessimistas tendem a duvidar
mais e a serem menos persistentes e podem, em alguns casos, antecipar um
possível fracasso mesmo que ele não seja passível de acontecer.
Com
isso, vê-se que o conteúdo do que se espera que aconteça no futuro pode afetar
a forma como as pessoas vivenciam as situações no dia a dia, exercendo impacto
sobre a saúde e a maneira como lidam com as emoções e com o estresse. Isso
ocorre, pois o otimismo está relacionado à maior probabilidade de adoção de
comportamentos de promoção de saúde e de estratégias de enfrentamento que
viabilizam o melhor ajustamento psicológico. Em comparação com os otimistas, os
pessimistas estão mais propensos à adoção de comportamentos de risco, como
também a uma percepção de mundo menos favorável e uma reação e adaptação às
adversidades de modo mais prejudicial.
Então,
quer dizer que ser otimista sempre será positivo para o funcionamento humano?
Para entender melhor os efeitos do otimismo é importante fazer a distinção
entre o otimismo realista e irrealista e entre o otimismo explicativo e
disposicional. O otimismo realista corresponde às crenças de que mais coisas
boas acontecerão pautadas no contexto em que o indivíduo está inserido. Assim,
otimistas realistas avaliam o seu futuro baseando-se em suas metas,
expectativas e esforços despendidos para alcançá-las. Já o otimismo irrealista diz
respeito às crenças irreais ou distorcidas que podem, por exemplo, disseminar a
ideia de imunidade perante tipos de doenças, podendo justificar comportamentos
de risco em saúde. O otimismo explicativo pressupõe que as expectativas quanto
ao futuro derivam de causas relacionadas a eventos passados. Enquanto que o
otimismo disposicional é definido como expectativas positivas quanto ao futuro,
sem levar em consideração os meios para se chegar a tais resultados,
corresponde às crenças do indivíduo de que coisas boas acontecerão independentemente
de sua ação direta sobre os eventos que lhe afetam.
Portanto,
crenças adaptativas em relação ao futuro demonstram ser um importante aspecto
para a produção de bem-estar, qualidade de vida e ajustamento psicológico.
Estima-se que os otimistas se adaptam melhor às adversidades, apresentam menores
chances de desenvolver transtornos mentais, além de exibirem mais
comportamentos de saúde que se relacionam a uma melhor qualidade de vida.
Diante dos efeitos positivos do otimismo, os autores recomendaram a realização
de mais pesquisas voltadas à explicação sobre o desenvolvimento, os efeitos e
as intervenções no campo da saúde, visto que o tema ainda é relativamente
escasso e se mostra profícuo para investigações e práticas em Psicologia da
Saúde.
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